A União Europeia (UE) alertou, nesta segunda-feira (18), para o perigo de uma escalada militar na Venezuela, dois dias antes da chegada de uma missão do grupo de contato que impulsiona para encontrar uma saída para a crise através de eleições presidenciais.

“Excluímos de forma categórica qualquer apoio da UE ou qualquer aceitação de uma escalada militar na Venezuela”, alertou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, ao final de uma reunião dos 28 chanceleres do bloco em Bruxelas.

O ministro espanhol Josep Borrell foi mais claro, afirmando que não compartilha a visão do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence: “Nossa posição continua sendo a de buscar uma solução que evite o uso da força. (…) Não somos a favor de uma intervenção militar”.

A reunião de chanceleres foi a primeira desde o lançamento em Montevidéu do Grupo de Contato Internacional (GCI), impulsado pela UE com países latino-americanos, e que na próxima quarta e quinta enviará uma missão técnica a Venezuela, confirmou Borrell.

Esta missão, que contatará “todas as partes interessadas diferentes e relevantes”, busca “avaliar o apoio necessário para abrir o caminho a uma transição democrática e pacífica” e especialmente a organização de uma “eleição presidencial livre”, afirmou Mogherini.

A missão viajará para a Venezuela antes da data marcada pelo opositor Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino e reconhecido por cerca de 50 países, para que a ajuda humanitária enviada por aliados como Estados Unidos entre no país, no próximo 23 de fevereiro.

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“A ajuda humanitária deve chegar e ser distribuída em conformidade com os princípios que a regem: neutralidade, independência, imparcialidade e humanidade”, advertiu Borrell, expressando seu temor por uma eventual deterioração da situação. A UE prioriza trabalhar com ONGs no terreno.

Junto com essa ajuda humanitária esperam que entrem também os deputados do Partido Popular Europeu (PPE), aos que o governo venezuelano de Nicolás Maduro impediu entrar no país no domingo, acusando-os de “fins conspirativos”.

O deputado espanhol Esteban González Pons, que faz parte do grupo de cinco parlamentares que tiveram seu acesso impedido, pediu à UE que abandone o GCI e que retire as credenciais dos embaixadores de Maduro.

Mogherini afirmou que, durante a reunião, os países condenaram a decisão de não deixar os parlamentares entrarem, mas “reafirmaram o crucial que é dispor” do grupo de contato a fim de conseguir uma saída “democrática e pacífica” para a crise mediante eleições.

“Me parece desproporcional tomar medidas de caráter diplomático tão transcendentais como cancelar relações diplomáticas por isso”, disse o ministro social-democrata espanhol, reconhecendo que a Venezuela é também uma questão de “política interna” na Espanha.


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