GENEBRA, 21 JAN (ANSA) – Após uma reunião de cerca de uma hora e meia nesta sexta-feira (21), o secretário norte-americano de Estado, Antony Blinken, e o ministro russo das Relações Exterioes, Sergei Lavrov, afirmaram que aguardam respostas sobre a crise ucraniana “na próxima semana”.   

Segundo Lavrov, Moscou espera as resoluções de Washington sobre a proposta do tratado de paz “por escrito”. Além disso, o russo voltou a dizer que seu país “nunca ameaçou o povo ucraniano”.   

“Estamos de acordo que um diálogo razoável seja necessário para acalmar a tensão. Tivemos uma conversa franca”, acrescentou, pontuando que assim que receber uma “resposta formal” dos norte-americanos, uma nova reunião deve ser marcada.   

Por sua vez, Blinken também disse que os Estados Unidos continuam “a buscar uma solução diplomática” e que alertou seu homólogo russo de que qualquer tipo de incursão no território ucraniano terá uma “resposta rápida e forte” dos ocidentais.   

O encontro de alto nível desta sexta é o último programado das duas semanas de reuniões que estavam sendo feitas entre EUA e Rússia para debater a questão ucraniana.   

Os ocidentais afirmam que Moscou está pronta para invadir o país vizinho por conta da possível adesão de Kiev à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Por sua vez, o Kremlin afirma que só está reforçando sua defesa e que seu foco é proteger sua segurança.   

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– Tropas militares: Nesta sexta, a Ucrânia voltou a acusar a Rússia de ter aumentado mais uma vez o fornecimento de armas e de equipamentos militares aos separatistas da área do Donbass, que vive em conflito desde 2014.   

Entre os itens fornecidos, estariam “diversos tanques, sistemas de artilharia e munições”.   

Além disso, as autoridades de Kiev afirmam que o país está sendo alvo de uma falsa campanha de falsos alarmes de bombas nos últimos dias.   

“O evidente objetivo dos serviços especiais do país agressor é aquele de exercitar uma nova pressão na Ucrânia para semear alarme e pânico na sociedade”, informaram os serviços de segurança de Kiev.   

Por outro lado, o Ministério das Relações Exteriores respondeu por escrito uma série de perguntas da mídia e informou que está exigindo que sejam retiradas as tropas estrangeiras da Otan da Romênia e da Bulgária, países que fazem parte da Aliança.   

“Não há ambiguidade. Trata-se de um pedido para a retirada de forças estrangeiras, dos equipamentos e dos armamentos para que possamos voltar à situação de 1997, época em que esses países não eram membros da Otan”, diz a nota repercutida pela agência estatal Tass.   

Em outra pergunta, sobre a participação norte-americana no processo de pacificação da área, a pasta informou que não se opõe a isso, mas pede que haja a “compreensão de que essa participação aportará um valor adjunto positivo antes de tudo no plano do encorajamento para que Kiev cumpra os próprios compromissos no acordo de Minsk, incluindo a concessão ao Donbass de um status especial”.   

A área citada é onde há uma grande concentração de grupos separatistas pró-Rússia que, desde 2014, apesar das negativas oficiais, vêm sendo apoiados militarmente por Moscou para se anexar ao país.   

Reuniões internacionais – Além do encontro direto entre Lavrov e Blinken, governos europeus também voltaram a se manifestar sobre a crise ucraniana.   

O chanceler alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, conversaram por telefone no fim da noite desta quinta-feira (20) e debateram o assunto, segundo informou o porta-voz do alemão, Steffen Hebestreit.   

“É preciso evitar uma agressão militar contra a Ucrânia. E deve ficar claro que a Rússia, em um caso do gênero, deve pagar custos elevados”, acrescentou.   


EUA, União Europeia e Reino Unido, segundo fontes de seus governos, já têm prontas sanções econômicas e políticas contra os russos para aplicação imediata em caso de invasão. As medidas foram divulgadas como extremamente duras e que podem causar uma “catástrofe” no governo de Moscou.   

Segundo o site alemão “Der Spiegel”, o chanceler Scholz declinou um convite de Joe Biden para participar de uma reunião sobre o tema. O portal ainda destaca que uma incompatibilidade de agenda no curto prazo foi o motivo para o encontro não se realizar.   

Quem também se manifestou sobre o assunto foi o governo dos Países Baixos, que disse que houve um pedido de Kiev para o fornecimento de armas.   

O ministro das Relações Exteriores do país, Wopke Hoekstra, falou ao Parlamento que o país está “aberto” a apoiar a Ucrânia e houve apoio dos políticos para a decisão. Anteriormente, Amsterdã havia dito que era contrária à medida, mas que agora “considerará explicitamente o contexto atual”. (ANSA).   


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