A Ucrânia afirmou, nesta terça-feira (19), que as suas tropas nunca se renderão à Rússia, no milésimo dia da ofensiva de Moscou contra o seu vizinho, enquanto Vladimir Putin voltou a apresentar a ameaça nuclear.
O dia começou com um ataque russo na região fronteiriça ucraniana de Sumy, que matou sete pessoas, incluindo uma criança.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, publicou um vídeo que mostra as equipes de resgate retirando corpos dos escombros e apelou aos seus aliados para “forçarem” a Rússia à paz.
Em um comunicado por ocasião da data, o Ministério das Relações Exteriores ucraniano garantiu que o seu país “nunca se submeterá aos ocupantes” e que “os militares russos serão punidos por violarem o direito internacional”.
“Alcançaremos a paz através da força e do apaziguamento”, acrescentou o ministério, referindo-se aos crescentes apelos para que a Ucrânia se junte à mesa de negociações com a Rússia para acabar com quase três anos de guerra.
O Kremlin também prometeu derrotar a Ucrânia.
“A operação militar contra Kiev continua e será concluída”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, aos jornalistas.
O presidente russo, Vladimir Putin, assinou nesta terça-feira um decreto que amplia as possibilidades do país de usar armas nucleares.
O Kremlin afirma que a medida, que permite à Rússia usar armas nucleares contra um país sem armas atômicas, como a Ucrânia, mas apoiado por uma potência nuclear, como os Estados Unidos, era “necessária para adaptar os nossos fundamentos à situação atual”.
Em uma guinada estratégica, poucas semanas antes da tomada de posse de Donald Trump, um alto funcionário dos EUA, que falou sob condição de anonimato, disse no domingo que Washington autorizou a Ucrânia a atacar a Rússia com os seus mísseis de longo alcance.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, pediu nesta terça-feira aos países do bloco que também permitissem que a Ucrânia usasse armas de longo alcance fornecidas para atacar alvos dentro da Rússia.
“Espero que todos os Estados-membros (da UE) sigam a decisão dos Estados Unidos”, disse Borrell ao chegar para uma reunião de ministros da Defesa dos países do bloco em Bruxelas.
Na mesma linha, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, também presente na reunião, afirmou que é “crucial que Putin não consiga o que quer”, uma vez que isso deixaria uma Rússia fortalecida nas fronteiras da Europa.
“Estamos prontos para fornecer o que for necessário à Ucrânia”, declarou Rutte, para quem a Rússia representa “uma ameaça direta para todos nós no Ocidente”.
Kiev solicitava há muito tempo a autorização para usar armas ocidentais de longo alcance para atacar bases a partir das quais a Rússia lança os seus bombardeios e contra-atacar o avanço das tropas russas no leste.
Os mísseis ATACMS fornecidos pelos EUA deveriam inicialmente ser usados na região fronteiriça russa de Kursk, onde soldados norte-coreanos foram destacados em apoio às tropas russas, de acordo com o The New York Times.
Até agora, os países da Otan estavam relutantes, temendo uma escalada.
Os 1.000 dias desde a invasão russa da Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro de 2022, chegam em um momento crítico para as forças ucranianas no front, especialmente perto das cidades de Kupiansk e Pokrovsk.
A Ucrânia acusa as forças russas pelo uso de produtos químicos proibidos para avançar e nesta terça-feira instou seus aliados a responder a um relatório da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), que afirma ter encontrado um gás anti-distúrbios proibido na linha de frente.
“O uso de produtos químicos proibidos pela Rússia no campo de batalha demonstra mais uma vez o desrespeito crônico da Rússia pelo direito internacional”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia.
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