A Ucrânia pode se ver obrigada a ceder territórios à Rússia para alcançar uma “paz temporária” no conflito entre ambos, afirmou o prefeito de Kiev, o ex-boxeador Vitali Klichko, em uma entrevista à BBC transmitida nesta sexta-feira (25).
“Um dos cenários seria abandonar territórios. É injusto, mas para a paz, uma paz temporária, talvez seja uma solução temporária”, disse o ex-campeão mundial dos pesos pesados, em uma entrevista em inglês.
Devido ao eco que essas declarações suscitaram em seu próprio país, com protestos nas redes sociais na Ucrânia, logo depois o prefeito de Kiev publicou uma mensagem no Telegram para “esclarecer as coisas”.
Na mensagem, Klichko se justificou dizendo que “muitas autoridades políticas e meios de comunicação internacionais” falam de uma troca territorial como uma das condições para um cessar-fogo apoiado pelos americanos, para pôr fim à invasão russa da Ucrânia que dura desde 2022.
“Infelizmente, como podemos ver, esse cenário é completamente possível”, disse Klichko.
O ex-boxeador também se defendeu de algumas críticas, que o acusam de querer “abrir o caminho” para a solução americana, que segundo os meios de comunicação ucranianos envolve duras concessões, como o reconhecimento da Crimeia como russa, anexada pelo governo de Moscou em 2014.
Tal concessão é inaceitável neste momento para o governo ucraniano e constitui um elemento do bloqueio nas negociações iniciadas pelo presidente americano, Donald Trump.
Neste sentido, o presidente americano declarou que “a Crimeia ficará com a Rússia. E (o presidente ucraniano Volodimir) Zelensky entende isso”, em uma entrevista à revista Time, publicada nesta sexta-feira.
“Entendemos que o cenário das concessões territoriais vai contra os nossos interesses nacionais e devemos lutar até o fim para evitar sua implementação”, explicou o prefeito de Kiev em sua mensagem no Telegram.
Quando a questão das concessões territoriais aparece com maior frequência com vistas a facilitar um cessar-fogo, Zelensky, a quem o prefeito de Kiev criticou no passado, explicou na quinta-feira que a Ucrânia não cederia no reconhecimento da anexação da Crimeia por parte da Rússia.
Por sua vez, o presidente francês, Emmanuel Macron, reafirmou na quinta-feira que a prioridade deve ser um “cessar-fogo incondicional” na Ucrânia, e considerou que o status da Crimeia “não é uma questão, em qualquer caso, agora”.
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