Ucrânia está ‘decidida’ a seguir cooperando com EUA apesar da suspensão de ajuda

Zelensky

A Ucrânia disse nesta terça-feira que está “determinada” a continuar cooperando com os Estados Unidos para obter garantias de segurança em seu conflito com a Rússia, apesar da decisão de Washington de suspender sua ajuda militar.

Kiev disse que estava pronta para assinar “a qualquer momento” o acordo que permitiria que os EUA explorassem seus recursos naturais.

“A Ucrânia está absolutamente determinada a continuar sua cooperação com os Estados Unidos (…) um parceiro importante”, disse o primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmigal, em uma coletiva de imprensa.

O presidente dos EUA, Donald Trump, cumpriu sua ameaça e ordenou uma “pausa” na ajuda militar dos EUA à Ucrânia na segunda-feira, três dias depois do altercado verbal na Casa Branca com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

Um assessor da presidência ucraniana, Mykhailo Podoliak, disse nesta terça-feira que “estamos discutindo opções com nossos parceiros europeus”, no mesmo dia em que a União Europeia lançou um ambicioso plano de rearmamento da Europa que poderia mobilizar até 800 bilhões de euros (4,9 trilhões de reais) para a defesa.

“A Europa enfrenta um perigo claro e imediato de uma magnitude que nenhum de nós jamais conheceu em nossa vida adulta”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em uma carta aos líderes dos 27 países.

De acordo com um funcionário da Casa Branca, após o altercado verbal de sexta-feira, “paramos e reconsideramos nossa assistência para garantir que ela contribua para a busca de uma solução” para o conflito entre a Ucrânia e a Rússia.

Armas e financiamento para a Ucrânia

Os Estados Unidos têm sido o maior doador financeiro e militar da Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro de 2022.

Desde então, Washington, sob o comando do presidente Joe Biden, forneceu inúmeros equipamentos potentes e modernos, incluindo sistemas antiaéreos Patriot, para permitir que a Ucrânia se proteja do bombardeio russo.

De acordo com o Departamento de Estado, Washington forneceu 65,9 bilhões de dólares (385 bilhões de reais) em ajuda militar à Ucrânia desde a invasão.

Mas nas poucas semanas desde a chegada de Trump, a posição de Washington em relação à guerra se inverteu completamente e até começou uma aproximação com a Rússia.

Em Londres, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, continua “concentrado em alcançar a paz” na Ucrânia e não será “distraído” pelo anúncio da suspensão da ajuda, disse o o número dois do Executivo britânico, Angela Rayner.

Na França, o ministro de Assuntos Europeus, Benjamin Haddad, disse que a decisão de Trump “afasta a paz porque só fortalecerá a mão do agressor no terreno, que é a Rússia”.

Por sua vez, o Kremlin saudou a suspensão como uma “melhor contribuição” para a paz.

Apesar do altercado de sexta-feira, que foi transmitido ao vivo pela televisão, o presidente dos EUA diz que o acordo sobre minerais ainda não está morto.

No terreno, a guerra continua causando morte e destruição.

O comandante em chefe do Exército ucraniano, Oleksandr Sirski, disse que um “míssil balístico Iskander-M com bombas de fragmentação” atingiu um centro de treinamento do Exército na região de Dnipropetrovsk, a mais de 100 km da linha de frente, no sábado, deixando “mortos e feridos”.

De acordo com um blogueiro militar ucraniano, entre 30 e 40 soldados foram mortos no ataque, e até 90 ficaram feridos.