Ucrânia espera receber ao menos 120 tanques de seus parceiros ocidentais

Ucrânia espera receber ao menos 120 tanques de seus parceiros ocidentais

A Ucrânia espera receber “entre 120 e 140” tanques de seus aliados ocidentais para repelir o Exército russo, que intensificou sua ofensiva e, nesta terça-feira (31), afirmou ter capturado outro vilarejo perto da cidade de Bakhmut.

“As Forças Armadas da Ucrânia receberão entre 120 e 140 tanques modernos de modelos ocidentais”, disse o ministro das Relações Exteriores da ex-república soviética, Dmytro Kuleba, em um vídeo no Facebook, lembrando que os veículos de combate são os Leopard 2 de design alemão, os Challenger 2 britânicos e os Abrams dos Estados Unidos.

O presidente americano, Joe Biden, disse nesta terça que vai conversar com seu par ucraniano, Volodimir Zelensky, sobre a questão das entregas de armas.

“Vamos falar” disso, declarou Biden aos jornalistas na Casa Branca, horas depois de responder taxativamente com um “não” quando perguntado se estava a favor de enviar aviões de combate F-16 à Ucrânia.

Depois de várias semanas de hesitação, alemães e americanos decidiram na semana passada entregar tanques modernos à Ucrânia.

Mas, por ora, se negam a entregar aviões de combate e mísseis de longo alcance, que Kiev também reivindica para tentar recuperar o terreno invadido pelos russos desde fevereiro do ano passado.

– Hesitação ocidental –

Está previsto que o Reino Unido entregue os Challenger no fim de março, enquanto a Alemanha quer enviar os primeiros Leopard 2 entre o fim de março e o começo de abril.

Os Estados Unidos anunciaram, por sua vez, o envio de 31 Abrams. Outros países europeus, como Polônia, Espanha e Noruega, também pretendem enviar alguns dos seus Leopard à Ucrânia.

O processo de entrega, no entanto, poderia levar meses, segundo várias chancelarias, que alegaram possíveis reparos e trabalhos de manutenção, além da formação de soldados ucranianos para operar estes modelos, que nunca foram utilizados no terreno.

Outros países, como a França – que fabrica o seu próprio tanque, o Leclerc -, continuam hesitando em realizar esse tipo de entrega, por temor de debilitar suas capacidades militares.

Nesta terça, entretanto, Paris anunciou que fornecerá à Ucrânia outros 12 canhões autopropulsados Caesar de 155 mm, além dos 18 já entregues.

Esses canhões, no entanto, não têm o alcance de mais de 100 km que a Ucrânia afirma necessitar para destruir as linhas de abastecimento e os depósitos de munições das forças russas.

Além disso, os países ocidentais estão hesitantes em oferecer um apoio militar ainda mais robusto, por medo de propiciar uma escalada com o Kremlin. A Rússia, por sua vez, não cansa de repetir que americanos e europeus realizam uma guerra por procuração na Ucrânia.

– A Rússia tenta retomar a iniciativa –

Os observadores acreditam que Moscou e Kiev, cada um de seu lado, preparam uma ofensiva ao final do inverno ou durante a primavera boreal.

As forças russas parecem decididas a recuperar a iniciativa no terreno, depois dos múltiplos revezes que as obrigaram a se retirar do nordeste e de áreas do sul de Ucrânia no último outono boreal.

As tropas de Moscou redobraram os esforços para tentar conquistar Bakhmut, no leste da Ucrânia, cidade que é cenário de uma dura batalha desde o verão boreal passado, provocando grandes baixas.

Os paramilitares do Grupo Wagner lideram essa ofensiva e, segundo eles mesmos afirmaram, teriam conquistado uma nova localidade nos arredores de Bakhmut.

Nesta terça, o Ministério da Defesa russo indicou que “a localidade de Blahodatne foi libertada” após uma ofensiva das “unidades de assalto voluntárias”, apoiadas pela Força Aérea e a artilharia.

O Exército russo utiliza o termo “voluntários” para se referir aos grupos paramilitares, como o Wagner, que lutam na Ucrânia.

O próprio chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, havia reivindicado a captura dessa localidade no sábado, mas Kiev o desmentiu.

Em janeiro, seus homens conquistaram a pequena localidade de Soledar, e outros vilarejos próximos.

Em qualquer caso, as forças ucranianas insistem em que a cidade de Bakhmut, tão cobiçada pelos russos, continua firme sob o seu controle.

“As tropas russas têm sido incapazes de cortar a via de abastecimento das Forças Armadas” de Kiev, indicou um porta-voz militar ucraniano, Serhiy Cherevaty.

As forças russas também lançaram uma ofensiva 150 km mais ao sul, para tomar Vuhledar, uma cidade que tinha 15.000 habitantes antes da guerra e que se encontra no sudoeste da província de Donetsk.