Por Natalia Zinets e Conor Humphries

KIEV/POPASNA, Ucrânia (Reuters) – A Ucrânia disse nesta sexta-feira que suas forças podem precisar se retirar de seu último bolsão de resistência em Luhansk para evitar serem capturadas por tropas russas que têm obtido um avanço rápido no leste, o que mudou o impulso da guerra de três meses.

Uma retirada pode aproximar o presidente russo, Vladimir Putin, de seu objetivo de capturar integralmente as regiões ucranianas de Luhansk e Donetsk. Suas tropas ganharam terreno nas duas áreas conhecidas coletivamente como Donbas.

O governador de Luhansk, Serhiy Gaidai, disse que tropas russas entraram em Sievierodonetsk, a maior cidade de Donbas ainda controlada pela Ucrânia, depois de tentar prender forças ucranianas por dias. Gaidai disse que 90% dos edifícios da cidade foram danificados.

“Os russos não poderão capturar a região de Luhansk nos próximos dias, como os analistas previram”, disse Gaidai no Telegram, referindo-se a Sievierodonetsk e sua cidade gêmea Lysychansk, do outro lado do rio Siverskiy Donets.

“Teremos força e recursos suficientes para nos defender. No entanto, é possível que para não sermos cercados tenhamos que recuar.”

Os representantes separatistas de Moscou disseram que agora controlam Lyman, um centro ferroviário a oeste de Sievierodonetsk. A Ucrânia disse que a Rússia capturou a maior parte de Lyman, mas que suas forças estavam bloqueando um avanço para Sloviansk, uma cidade a meia hora de carro mais a sudoeste.

O assessor presidencial ucraniano, Oleskiy Arestovych, afirmou durante a noite que o ataque bem organizado a Lyman mostrou que os militares de Moscou, que foram expulsos da capital Kiev em março, estavam melhorando suas táticas e operações.

Tropas russas avançaram depois de romper as linhas ucranianas na semana passada na cidade de Popasna, ao sul de Sievierodonetsk. Forças terrestres russas já capturaram várias localidades a noroeste de Popasna, disse o Ministério da Defesa do Reino Unido.

Alcançada por jornalistas da Reuters em território controlado pela Rússia na quinta-feira, Popasna estava em ruínas. O corpo inchado de um homem morto em uniforme de combate podia ser visto deitado em um pátio.

Natalia Kovalenko deixou o porão onde se abrigava para morar em meio aos destroços de seu apartamento, com as janelas e a sacada destruídas. Ela disse que um projétil atingiu o pátio do lado de fora, matando duas pessoas e ferindo oito.

“Eu só tenho que consertar a janela de alguma forma. O vento ainda está ruim”, disse ela. “Estamos cansados ​​de ter tanto medo.”

Os ganhos no leste por parte da Rússia seguem uma contra-ofensiva ucraniana que empurrou as forças de Moscou de volta da segunda cidade da Ucrânia, Kharkiv, em maio. Mas as forças ucranianas não conseguiram atacar as linhas de abastecimento russas até Donbas.

((Tradução Redação Rio de Janeiro))

REUTERS PF

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