Os serviços secretos ucranianos detiveram em maio um francês que preparava até 15 atentados na França antes e durante a Eurocopa de futebol, e com quem foi apreendido um arsenal de guerra.

O anúncio desta quinta-feira ocorre em um momento em que a França, atingida em janeiro e novembro de 2015 por atentados reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), se encontra no olho do furacão a quatro dias do início do campeonato de futebol.

O presidente francês, François Hollande, admitiu no domingo a existência de uma ameaça de atentado durante a competição e prometeu lançar mão de todos os meios para que esta Eurocopa 2016 seja um sucesso.

O francês detido, um desconhecido dos serviços da polícia, confessou aos serviços secretos ucranianos (SBU) sua oposição à “política de seu governo quanto à chegada em massa de estrangeiros à França, à divulgação do Islã e à globalização”.

Durante a inspeção em sua casa, no nordeste da França, os agentes apreenderam uma camiseta de um grupo de extrema-direita, segundo uma fonte policial francesa.

Os serviços secretos criaram uma armadilha para estre francês de 25 anos que preparava, segundo eles, “quinze atos terroristas” na França e que foi detido em 21 de maio na fronteira entre Ucrânia e Polônia.

No momento da prisão, o homem carregava um arsenal de guerra composto de 125 quilos de TNT, dois foguetes antitanques, cinco fuzis kalashnikovs e mais de 5.000 munições. Entre seus alvos figuravam mesquitas, sinagogas e gabinetes da Fazenda.

Depois de chegar à Ucrânia em dezembro de 2015, fazendo-se passar por um voluntário, o detido entrou em contato com unidades militares no leste do país, afundado em um conflito entre forças ucranianas e separatistas pró-russos, com o objetivo de adquirir armas e explosivos.

Na França, o Escritório Central de Luta contra o Crime Organizado abriu uma investigação do ocorrido, assim como o serviço regional da polícia judicial de Nancy (nordeste).

Os investigadores franceses ainda não contam com nada que “confirme ou desminta uma eventual pista terrorista”, razão pela qual pedirão “informações adicionais” às autoridades ucranianas, segundo uma fonte policial.

O prefeito de Nant-le-Petit, um povoado de 80 habitantes do nordeste da França onde o jovem vivia, o descrevia como “um jovem muito agradável com seus vizinhos, inteligente e simpático”.

Crise social e ameaças

Esta detenção ilustra os muitos desafios enfrentados pelo governo socialista francês a quatro dias do início da Eurocopa 2016 de futebol, entre conflitos sociais, risco de atentados e inundações.

Poucas vezes um país que abriga uma grande competição internacional prepara o evento em um ambiente tão tenso e sombrio.

As atuais greves nas ferrovias e o anúncio de greve de pilotos da Air France entre 11 e 14 de junho se somam a três meses de duras mobilizações sociais contra um projeto de reforma trabalhista do executivo.

Os setores do petróleo, com várias refinarias paradas, de portos e estaleiros, de recolhimento de lixo e energia elétrica também registram movimentos sociais.

À tensão social se somaram na semana passada as piores inundações desde 1982 no centro do país e na região parisiense, enquanto segue presente o medo de novos ataques terroristas, sete meses depois dos atentados de novembro em Paris (130 mortos).

François Hollande advertiu no domingo que a ameaça terrorista estará presente por um longo tempo, justificando, assim, a mobilização de 90.000 pessoas “para que a segurança (durante a Eurocopa) esteja garantida”.

O chefe de Estado também pediu o fim das greves, cuja duração preocupa nos ambientes econômicos – em especial os profissionais do turismo – num momento em que se espera que dezenas de milhares de torcedores se dirijam à França.

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