A Ucrânia denunciou, nesta sexta-feira (10), um novo “ataque em larga escala” da Rússia contra instalações de energia, no momento em que aproxima-se o primeiro aniversário do conflito, ocasião pela qual o presidente americano, Joe Biden, viajará à vizinha Polônia.

O novo ataque russo acontece após a visita de Zelensky a Londres e Paris, na quarta-feira, e a Bruxelas, na quinta-feira, para pedir aos aliados europeus mísseis de longo alcance e caças.

Zelensky garantiu que os mísseis russos sobrevoaram o território da ex-república soviética da Moldávia e da vizinha Romênia, membro da Otan. Bucareste desmentiu a afirmação.

As autoridades ucranianas afirmam há vários dias que temem um ataque de grandes proporções das tropas russas, à medida que aproxima-se o primeiro aniversário da invasão, iniciada em 24 de fevereiro de 2022.

Com vistas a esta data, Joe Biden viajará de 20 a 22 de fevereiro à Polônia, membro da Otan na fronteira com a Ucrânia.

Biden fará um discurso para lembrar “a invasão brutal e não provocada da Rússia na Ucrânia, abordando como os Estados Unidos reuniram o mundo para apoiar o povo da Ucrânia”, disse a Casa Branca.

Em 21 de fevereiro, o presidente russo, Vladimir Putin, fará seu discurso anual sobre o Estado da Nação, anunciou o Kremlin nesta sexta-feira.

– Metrô de Kiev vira abrigo –

O último ataque russo em grande escala à Ucrânia ocorreu no final de janeiro, dias depois que os aliados ocidentais concordaram em entregar tanques a Kiev.

Para Zelensky, esta nova ação representa “um desafio para a Otan”.

O Ministério da Defesa romeno indicou que o sistema de vigilância aérea detectou um projétil “lançado de um navio russo localizado no Mar Negro” em direção à Ucrânia, mas negou que tivesse sobrevoado a Romênia.

Já a Moldávia confirmou que um míssil sobrevoou seu território e convocou o embaixador russo para denunciar uma “violação inaceitável” de seu espaço aéreo.

A Força Aérea ucraniana afirmou que interceptou 61 mísseis dos 71 disparados pela Rússia nesta sexta-feira contra seu território.

Em Kiev foram ouvidas várias explosões, de acordo com correspondentes da AFP. As sirenes antiaéreas foram acionadas e os moradores da capital procuraram refúgio nas estações de metrô.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, informou que os bombardeios não causaram vítimas, mas danificaram a rede elétrica.

Desde outubro e após várias derrotas no campo de batalha, Moscou ataca com frequência as infraestruturas energéticas ucranianas, deixando milhões de pessoas sem luz ou calefação em pleno inverno no hemisfério norte.

De acordo com o ministério da Energia, várias centrais em seis províncias da Ucrânia foram atingidas pelos bombardeios. A situação é especialmente “difícil” em Zaporizhzhia (sul), Kharkiv (nordeste) e Khmelnitsky (oeste).

“A Ucrânia perdeu temporariamente 44% de sua capacidade de geração de energia nuclear, 75% de sua capacidade de usina termelétrica e 33% de suas usinas de cogeração” (que produzem calor e eletricidade ao mesmo tempo), disse o primeiro-ministro Denys Shmyhal.

Mas a “grande maioria dos ucranianos ainda tem acesso a aquecimento, água e eletricidade”, acrescentou.

Ao mesmo tempo, os russos continuam a aumentar a pressão no leste, com avanços em direção ao norte da área de Bakhmut e ao sul de Vugledar, dois pontos de conflitos na linha de frente, disse um oficial dos separatistas pró-Rússia, Denis Pushilin.

– Avião de combate –

“Basta de palavras e hesitações políticas”, tuitou Mykhailo Podoliyak, conselheiro da Presidência ucraniana, que pediu aos aliados do país “decisões rápidas” sobre o fornecimento de armas potentes.

O Banco Mundial aprovou um envio inicial de US$ 50 milhões (cerca de R$ 260 milhões) para ajudar a restabelecer a rede de transporte da Ucrânia, que também ficou danificada pelos bombardeios.

Espera-se que um financiamento adicional de mais de US$ 535 milhões (quase R$ 3 bilhões) se concretize “em breve”, segundo a entidade.

Até o momento, porém, nenhum país concordou em entregar mísseis de longo alcance ou caças à Ucrânia devido ao temor de uma escalada com Moscou.

Apenas o Reino Unido abriu as portas para possíveis entregas no “longo prazo”.

Para punir Moscou, os países ocidentais adotaram vários pacotes de sanções econômicas, incluindo um teto para o preço do petróleo russo.

A Rússia anunciou que cortará em março a produção de petróleo em 500.000 barris por dia, ou seja, quase 5% de sua produção diária.

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