A Ucrânia denunciou, neste domingo (6), um “ataque maciço” russo em seu território que deixou pelo menos dois mortos e que, segundo o presidente Volodimir Zelensky, demonstra que a pressão à Rússia “continua sendo insuficiente”.
“No início desta manhã, [a Rússia] lançou um ataque maciço em todo o país contra a Ucrânia utilizando mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro e drones”, disse a vice-primeira-ministra ucraniana, Yulia Svyrydenko.
No total, Moscou lançou 23 mísseis balísticos e de cruzeiro e 109 drones, informou a força aérea ucraniana. Os ataques causaram danos em seis regiões.
A força aérea também relatou ter derrubado 13 dos mísseis e 40 drones, enquanto outros 54 não causaram prejuízos.
Na capital Kiev, explosões foram ouvidas durante a noite e uma espessa fumaça negra subiu na cidade, segundo jornalistas da AFP.
“Uma pessoa morreu e três ficaram feridas, duas delas foram hospitalizadas”, escreveu o chefe da administração militar da capital, Tymur Tkachenko, nas redes sociais.
De acordo com os serviços de emergência, houve incêndios em edifícios não residenciais, danificando um centro comercial, uma fábrica de móveis e vários armazéns.
Escritórios de canais públicos que transmitem programas em língua estrangeira também foram danificados, anunciou o canal de televisão Freedom em um comunicado.
Na região de Kherson (sul), um drone matou um homem de 59 anos, e na região nordeste de Kharkiv, perto da fronteira com a Rússia, duas pessoas ficaram feridas em um ataque com bombas teleguiadas, segundo autoridades regionais.
Na região de Khmelnitsky (oeste), as defesas aéreas destruíram um míssil, mas vários fragmentos danificaram uma casa e uma mulher ficou ferida.
Após os ataques, Zelensky disse neste domingo que “a pressão sobre a Rússia continua insuficiente, e os ataques russos diários contra a Ucrânia demonstram isso”.
O presidente ucraniano também denunciou a reação “fraca” dos Estados Unido após outro ataque russo na sexta-feira, que matou 18 pessoas, incluindo nove crianças, em sua cidade natal, Krivoi Rog.
De Moscou, o Ministério da Defesa russo disse que interceptou e destruiu 11 drones ucranianos e também anunciou a conquista da localidade de Bassivka na região de Sumy, muito perto do território russo.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está pressionando por um cessar-fogo parcial entre Rússia e Ucrânia, mais de três anos após a invasão russa no país.
O chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, disse no domingo que “a linguagem da força é a única que [o presidente russo Vladimir] Putin entende. Todos os nossos parceiros devem mudar para essa linguagem”.
Segundo o enviado econômico especial de Putin, Kirill Dmitriev, poderá haver novos contatos entre autoridades russas e americanas “na próxima semana”, disse ele neste domingo em uma entrevista à televisão citada pelas agências russas.
Apesar das dificuldades para se chegar a uma trégua, Zelensky comemorou os “avanços tangíveis” sobre o possível envio de um contingente europeu para a Ucrânia no caso de um cessar-fogo, após uma visita dos chefes do Estado-Maior dos exércitos francês e britânico a Kiev.
As duas potências europeias propõem o envio de um contingente de países continentais, uma “força de garantia” para evitar a retomada do conflito no caso de uma trégua.
Kiev acusa Moscou de atrasar deliberadamente as negociações a fim de explorar sua vantagem na linha de frente e ganhar mais territórios.
Os EUA propuseram um cessar-fogo incondicional de 30 dias, mas Trump só conseguiu obter da Rússia um cessar-fogo no Mar Negro e uma vaga moratória sobre ataques a infraestruturas de energia, que ambos os lados acusam-se de violar.
bur-led/sag/pc/mb/yr