A Ucrânia criticou, nesta segunda-feira (25), a participação por videoconferência do diretor americano Woody Allen em um festival de cinema de Moscou, considerando um “insulto” às vítimas da invasão russa.
O cineasta, de 89 anos e repudiado por grande parte da indústria devido a acusações de agressão sexual, falou no domingo em um evento online do ‘Moscow International Film Week’.
O Ministério ucraniano de Relações Exteriores considerou que sua participação é “uma vergonha e um insulto ao sacrifício dos atores e cineastas que morreram ou ficaram feridos por criminosos de guerra russos”.
Woody Allen “escolhe fechar os olhos às atrocidades que a Rússia comete na Ucrânia”, denunciou o ministério, que considera que a cultura nunca deve “ser usada para encobrir crimes”.
A Ucrânia, invadida pela Rússia desde fevereiro de 2022, pede o isolamento total do país no cenário internacional, inclusive na cultura e esporte.
Kiev denuncia sistematicamente a participação de personalidades ocidentais em eventos na Rússia, que se tornaram raros desde o início da guerra.
A conferência da qual Woody Allen participou foi moderada pelo diretor russo Fiodor Bondarchuk, que apoia o presidente Vladimir Putin.
Nessa sessão, Allen afirmou que filmaria na Rússia caso recebesse uma proposta, segundo a agência estatal Ria Novosti. “Se tais propostas surgirem, sentarei e pensarei em um roteiro sobre o bem-estar em Moscou e em São Petersburgo”, disse, segundo a agência de notícias.
Woody Allen mencionou uma viagem “não muito agradável” nos tempos da União Soviética e acrescentou que depois “tudo mudou, a Rússia tornou-se maravilhosa”.
Mestre da comédia e da sátira social, o cineasta quase não trabalha mais nos Estados Unidos.
Grande parte da indústria lhe virou as costas nos Estados Unidos após sua filha adotiva, Dylan Farrow, acusá-lo de tê-la agredido sexualmente quando criança.
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