ROMA, 22 JUL (ANSA) – A Ucrânia convocou o embaixador da Itália em Kiev, Davide La Cecilia, para protestar contra declarações do ministro do Interior Matteo Salvini, que, em entrevista ao “Washington Post”, disse que a anexação da Crimeia pela Rússia é “legítima”.   

Além disso, ao mesmo diário, Salvini afirmou que as manifestações que derrubaram o então presidente Viktor Yanukovich, em 2014, foram uma “falsa revolução” – o ex-mandatário ucraniano era apoiado por Moscou.   

“Condenamos a posição do político italiano, que não está baseada em fatos reais e está em contradição com os princípios reconhecidos e as normas da lei internacional”, diz uma nota do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia.   

Para justificar seu posicionamento, Salvini argumentou que algumas regiões são “historicamente russas, com cultura e tradição russas”, e que a anexação por Moscou foi aprovada em referendo pelos habitantes da Crimeia. Quanto à queda de Yanukovich, o ministro italiano chamou o movimento de “pseudorrevolução financiada por potências estrangeiras”.   

A Crimeia foi anexada pela Rússia em 2014 e levou à expulsão do país do G8, além de ter motivado uma série de sanções internacionais. Naquele mesmo ano, grupos separatistas pró-Moscou deflagraram uma guerra na região de Donbass, no leste da Ucrânia, e proclamaram as “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk.   

Já Salvini, que chegou ao governo italiano em 1º de junho, nunca escondeu sua posição, e sua legenda, a ultranacionalista Liga, tem até um acordo de cooperação com o partido Rússia Unida, que dá sustentação a Vladimir Putin. (ANSA)