Em meio à crise econômica mundial causada pela pandemia do novo coronavírus, os investidores e empresários brasileiros estão mais pessimistas com uma recessão global do que a média de outros 13 mercados que participaram de levantamento semestral do banco suíço UBS.

A pesquisa busca medir o sentimento de quem aloca recursos pelo mundo. E uma particularidade dos resultados brasileiros é que uma das principais preocupações é a possibilidade de inquietação social causada pelo aumento do desemprego, receio maior até do que o de que autoridades econômicas deixem o governo.

Segundo a pesquisa, 78% dos investidores e empresários do Brasil acreditam que é muito provável que haja uma recessão global nos próximos 12 meses, acima dos 60% registrados para a média de todos os países. O número brasileiro é maior também do que o de outros emergentes latino-americanos, como México e Argentina, ambos com 69%.

Os dados apontam também que, no Brasil, o otimismo com o curto prazo (12 meses) alimenta 44% dos investidores brasileiros, abaixo dos 46% para todos os mercados. Já no longo prazo (10 anos), o otimismo brasileiro é um pouco maior, de 71%, contra 70% para os demais.

No Brasil, 21% acreditam que o momento é bom para comprar ações, inferior à média global, de 23%. Além disso, 64% dos brasileiros vão esperar os preços caírem mais para voltar a comprar, enquanto no mundo esse tipo de postura atinge 61% dos investidores.

“Noventa e seis por cento dos investidores no mundo inteiro afirmam que o covid-19 causou um impacto em seus estilos de vida. A maioria pratica o distanciamento social, evitando multidões e abstendo-se de viajar. Porém, seus pontos de vista divergem sobre quando o pior da crise vai passar, com um terço mencionando junho e outro terço evocando o final do ano, ou até mais tarde”, destaca Paula Polito, vice-presidente divisional do UBS Global Wealth Management.

Inquietação

As maiores preocupações no Brasil, além do próprio coronavírus, são a inquietação social que poderá ocorrer como consequência do aumento do desemprego (54%) e, em seguida, a possibilidade de autoridades econômicas deixarem o governo (43%). Nos outros países, os maiores receios, depois do vírus, são a queda dos mercados e as políticas locais.

O UBS entrevistou mais de 2.928 investidores e 1.180 empresários com um patrimônio líquido mínimo de US$ 1 milhão em ativos investidos (no caso de investidores) ou pelo menos US$ 1 milhão em receitas anuais e pelo menos um funcionário além deles próprios (no caso de empresários) entre 1º e 20 de abril de 2020. A amostragem global foi dividida em 14 mercados: Argentina, Brasil, China, França, Alemanha, Hong Kong, Itália, Japão, México, Cingapura, Suíça, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e EUA.