Motoristas da Uber e outros aplicativos de transporte se mobilizaram em todo o país contra a votação de uma lei, no Senado, nesta terça-feira (31), que aumenta as exigências para este tipo de serviço no Brasil.

“Diga não à lei do retrocesso”, pediu o Uber numa campanha incisiva desde que o projeto de lei começou a avançar no Congresso Nacional.

A iniciativa endurece as regras para condutores deste tipo de transporte – que conecta passageiros e motoristas por aplicativos de celular – exigindo-lhes, entre outras coisas, que obtenham uma licença municipal para trabalhar.

Defensores do projeto garantem que ele ajudará a regular o mercado de transporte individual de passageiros, mas seus críticos afirmam que quando a lei for promulgada, todos os motoristas de Uber vão se tornar ilegais, até que consigam preencher todos os requisitos.

“Todos os motoristas ficariam fora da legalidade se for aprovado (…), o projeto teve um intuito anti-Uber”, disse à AFP o deputado Daniel Pires Coelho, contrário à proposta.

“Ninguém vai estar no dia seguinte proibido. Isso é uma mentira”, opinou Carlos Zarattini, autor do projeto de lei.

Uma vez aprovada, “vai dar um tempo para cada um se organizar”, garante Zarattini.

Para ele, a inciativa gera polêmica porque existem empresas que “não querem ser reguladas” como um serviço público de transporte.

Na véspera da votação, representantes da Uber levaram 815 mil assinaturas contrárias ao projeto para Brasília.

Centenas de veículos se concentraram nas grandes cidades do país em protesto.

“Não pode acabar com o Uber, com o Cabify, o 99Táxi. Eles estão querendo acabar. Não é tentar arrumar, ou ajudar”, queixou-se Priscila Ferreira dos Santos, motorista que usa os aplicativos.

“Eu sou mãe de família. Eu sustento a minha casa, então eu tenho que lutar por isso”, acrescentou.

Nesta terça-feira, novas manifestações foram convocadas em São Paulo, Brasília e no Rio de Janeiro.

Para representantes da Uber e de outros aplicativos como Cabify, a nova lei inviabilizará, na prática o serviço e representará uma vitória do lobby dos sindicatos de taxistas.

A Uber tem mais de 500 mil motoristas e 18 milhões de usuários no Brasil, segundo dados da própria empresa. A companhia opera em mais de 600 cidades no mundo, em muitas das quais enfrenta resistências.