A popularidade do candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, não era das melhores, pelo menos entre motoristas do Uber. No domingo, 2, teve até motorista oferecendo chocolate da marca importada Lindt para “convencer” o passageiro indeciso a não votar no comunicador.

“Peguei dois clientes hoje por volta das 8h30. Eles não sabiam em quem votar. Expliquei que ele queria acabar com o Uber. Ofereci um chocolatinho a mais para que o Russomanno nem sequer fosse cogitado nas urnas. Haddad, Marta, João Doria e até mesmo a Erundina: não me importa quem vai vencer. Todos, de alguma forma, se mostraram favoráveis ao Uber, menos o doutor Russomanno, que quer acabar com tudo”, afirmou um motorista do aplicativo, que pediu para não ser identificado.

“O passageiro vota em quem ele bem entende. O tratamento é o mesmo para todos, mas se o candidato dele não for o Russomanno, ele leva, sim, um chocolatinho a mais para casa. Dá até para escolher o sabor”, brincou o rapaz de 23 anos.

Na região do Tatuapé, zona leste da cidade, todos os motoristas ouvidos haviam descartado votar em Russomanno. “Ele se diz defensor do consumidor e quer acabar com o Uber. Não faz o menor sentido. A gente está trabalhando, prestando serviços, cuidando das nossas famílias. Com tanto desemprego que tem por aí, sério que ele vai gerar mais?”, questionou o motorista André Luiz Caldana, de 64 anos, que em 2012 votou em Celso Russomanno para a Prefeitura de São Paulo.

O motorista Luiz Carlos Alves Ferreira, de 29 anos, está no Uber há sete meses e disse que nunca ter ouvido um único passageiro favorável ao candidato do PRB. “Ele se diz o defensor do consumidor e quer tirar algo que foi legalizado e deu certo na cidade.”

Russomanno foi o único entre os principais concorrentes a se posicionar contra o aplicativo Uber como transporte de passageiros. No dia 1.º de setembro, em entrevista à Rádio CBN, disse que o aplicativo funcionava “na ilegalidade”. Dois dias depois, recuou e afirmou que não baniria o aplicativo, mas iria regulamentá-lo.

Taxistas

Entre os taxistas, no entanto, o cenário é outro. A preferência majoritária era por Russomanno. Alberto Alves, 61 anos, condutor há mais de 20 e com ponto na zona norte, defendeu o candidato. “Os Ubers não querem ser legalizados como nós, taxistas, somos. O Russomanno fez propostas para melhorias da nossa categoria.”

Ambrósio José dos Santos, 62 anos, que também trabalha em um ponto de táxi do Limão, foi na mesma linha. “Dizem que ele vai acabar com o Uber. Não é isso, ele só quer regularizar.”

Procurado para comentar o assunto, o Uber informou que “os motoristas parceiros eram totalmente independentes e não têm subordinação à empresa”. “Vale lembrar que um ponto importante é o sistema de ‘avaliação mútua’ após cada viagem. Ou seja, o motorista parceiro avalia o usuário e o usuário avalia o motorista parceiro, sem interferência do Uber. Além de ser anônima, é ela (a avaliação) que garante que a plataforma mantenha-se saudável para motoristas e usuários.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.