Um programa de TV da emissora pública italiana Rai foi suspenso após ter exibido um “tutorial” sensualizado para explicar como mulheres devem fazer compras no mercado.

O quadro foi exibido na atração “Detto Fatto” – apresentado por Bianca Guaccero e voltado para um público mais jovem – justamente no Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, celebrado anualmente em 25 de novembro.

O programa levou ao ar a dançarina Emily Angelillo, que, vestida de salto alto e minissaia, explicou como as mulheres devem andar “corretamente” no mercado, empurrando o carrinho como se estivessem em uma passarela.

Além disso, Angelillo deu “dicas” para pegar um produto em uma prateleira elevada de forma “intrigante”, dobrando uma das pernas para trás. Já para recolher algo do chão, a dançarina aconselhou as mulheres a “manterem as pernas fechadas para não tornar a situação mais vulgar”.

O quadro provocou uma onda de indignação na Itália, especialmente por ter sido exibido em uma emissora financiada com dinheiro do contribuinte. “Quero explicações e peço que os responsáveis por esse enésimo papelão assumam sua culpa”, afirmou a conselheira da Rai Rita Borioni.

Já a deputada Laura Boldrini, sempre envolvida com causas feministas, disse que a TV pública transmitiu o “pior sexismo”.

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“O boleto pago pelos cidadãos e cidadãs deveria servir para esse tipo de programação? Absolutamente, não”, acrescentou.

Em meio à repercussão, o CEO da Rai, Fabrizio Salini, suspendeu o “Detto Fatto” e abriu uma investigação interna para identificar os responsáveis pelo quadro sexista. “É um episódio gravíssimo e que não tem nada a ver com o espírito público nem com a linha editorial da Rai”, declarou o executivo.

A apresentadora Guaccero pediu desculpas pela “superficialidade”, enquanto Angelillo, em entrevista ao site Fanpage, disse que o objetivo do quadro era gerar “risadas em um momento difícil”.

“Não queria de forma alguma ofender as mulheres”, explicou a dançarina, acrescentando que estava seguindo um roteiro e que “vive pela emancipação” feminina. (ANSA).


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