DUBAI, 03 DEZ (ANSA) – A emissora estatal de televisão do Irã admitiu nesta terça-feira (3) que as forças de segurança dispararam contra manifestantes nos recentes protestos contra o encarecimento da gasolina e mataram um número impreciso de pessoas.   

O reconhecimento chega um dia depois de a ONG Anistia Internacional ter divulgado um relatório que aponta pelo menos 208 vítimas na repressão aos atos contra o governo.   

Segundo a emissora estatal, os manifestantes haviam “atacado” centros militares com armas e facas e feito reféns em algumas áreas. O canal citou mortes na capital Teerã, em Shiraz e Mahshahr. Apesar disso, as autoridades se recusam a fornecer um balanço preciso de vítimas.   

Os protestos começaram em 15 de novembro, após o governo ter anunciado o fim dos subsídios ao preço da gasolina e um racionamento de combustível, com o objetivo de financiar programas sociais.   

A medida aumentou o valor do litro de gasolina de 10 mil para 15 mil rials, o que equivale a US$ 0,13, em questão de horas. Além disso, cada carro poderá colocar no máximo 60 litros por mês. As manifestações tiveram início no momento em que o governo já estava sob pressão por conta das dificuldades em impulsionar a economia iraniana, asfixiada pelas sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos.   

Desde a ruptura do acordo nuclear por parte de Donald Trump, a moeda do Irã já se desvalorizou quase 300% frente ao dólar americano. Em reação aos protestos, o governo instaurou um blecaute nos serviços de internet para conter a repercussão das manifestações. (ANSA)