Pegando carona na estreia de Toy Story 4 nesta quinta-feira, 20, em salas de todo o Brasil, os três primeiros filmes voltam à TV paga, em programação contínua. Toy Story 1 (EUA, 1995), com direção de John Lasseter, fez história como primeira animação inteiramente produzida por processos de computação gráfica. Antes, na fase áurea de Walt Disney, os processos eram mecânicos e os desenhos eram produzidos a mão.

A partir de A Bela e a Fera, a versão de Gary Trousdale e Kirk Wise, de 1991, as coisas começaram a mudar. Bela e Fera literalmente dançaram no computador, abrindo, naquela cena específica, possibilidades imensas quanto ao uso da angulação e da perspectiva. A trama de Toy Story retrata o mundo dos bonecos, que adquirem vida longe do olhar do dono. O caubói Woody, o astronauta Buzz Lightyear, o menino Andy. Uma graça, e um imenso sucesso de público.

No 2, Woody é sequestrado por um colecionador de brinquedos e os amigos mobilizam-se para resgatá-lo, Woody descobre que é item raro, e sua origem está num programa de TV dos anos 1950. Resolve ficar com o colecionador, e agora a nova mobilização é para demovê-lo. Woody voltará para casa?

Já no terceiro filme, desta vez, Andy não é mais um menino. Cresceu, é hora de ir para a faculdade. Ele tem de se separar dos pais – e dos brinquedos – para seguir a vida. Doa os brinquedos para uma instituição, mas as crianças mais destroem do que cuidam de suas preciosidades. No limite, ele encontra Bonnie. A cena final (olha o spoiler!), quando ele se despede de Bonnie, e de Woody, Buzz e toda a turma, é de cortar o coração. O diretor Lee Unkrich e seus roteiristas recriam o desfecho clássico de um dos grandes westerns do cinema – Os Brutos também Amam, de George Stevens, 1953. O pistoleiro Shane/Alan Ladd chega ao vale e restabelece a lei e a ordem na pequena cidade, tudo visto pelo olhar de Joey/Brandon De Wilde.

Cumprida a missão, Shane despede-se e é como uma sombra passasse pelo olhar de Joey. Ele chama o amigo, Shane! Shane!, mas ele não se volta. Some na paisagem. Nesse momento, o menino cede lugar ao homem. Cumpre-se o rito de passagem. Na vida, para certos ganhos, – crescer -, é preciso maturidade para aceitar as perdas.

Nos cinemas

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No primeiro dia do feriadão, os shoppings de São Paulo estavam lotados e duro mesmo era conseguir ingresso para ver Toy Story 4. A maioria foi vendida antes, pela internet, e havia filas imensas. No final da sessão das 18h10, no Cinemark Eldorado, o público não resistiu e aplaudiu. O repórter foi investigar, e descobriu que os aplausos também ocorreram nas sessões anteriores.

Houve nova mudança de diretor, agora quem assina o filme é Josh Cooley. Em sucessivas entrevistas, ele tem dito que Toy Story encerra a história de Woody na franquia, embora seja difícil acreditar que, numa eventual Toy Story 5, ele fique de fora.

A trama lida de novo com as perdas afetivas. Logo no começo, Bonnie vai para a escola, e começa a se desligar dos velhos brinquedos – de Woody. Na escola, sentindo-se solitária, ela faz um novo amigo – literalmente. Pega um garfo descartável e cria um boneco, Garfinho.

Mas Garfinho não se sente boneco. Como já foi usado, é lixo, e para o lixo quer ir. Durante todo o filme, e são 100 min de duração, a segunda maior metragem da série, após o 3, Woody protege Garfinho para tentar impedir que a menina sofra.

No processo, Woody (re)descobre o amor, e vive o dilema. Partir para o mundo com a boneca de porcelana (Betty), viver a vida dele, ou voltar para casa? É belíssimo, emocionante. As técnicas de computação atingiram tal perfeição que o realismo de cena produz essa ilusão de que os bonecos são reais. Dá para sentir, e rir e sofrer, com eles, como se fossem gente como a gente. Maravilhoso.


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