Aysenur Ezgi Eygi, a jovem ativista turco-americana que foi morta por disparos israelenses na Cisjordânia em 6 de setembro durante um protesto contra a colonização deste território palestino por parte de Israel, foi enterrada como mártir neste sábado (14) na Turquia.

O caixão, coberto com as cores da bandeira turca, foi escoltado até o pequeno cemitério de Didim, na costa do mar Egeu, por centenas de pessoas e carregado por policiais antidistúrbios com capacetes brancos, reservados para os mártires caídos.

A jovem de 26 anos, que havia emigrado para os Estados Unidos ainda no primeiro ano de vida, era militante do Movimento de Solidariedade Internacional (ISM, na sigla em inglês). Ela levou um tiro na cabeça durante uma manifestação perto de Nablus, no norte da Cisjordânia.

Desde o anúncio de sua morte, a Turquia tem denunciado veementemente este “assassinato arbitrário”, atribuído ao Exército israelense, e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que seu governo fará tudo o que for possível para que sua morte “não fique impune”.

Representantes do governo e da oposição compareceram ao sepultamento, incluindo o chanceler Hakan Fidan e o ministro do Interior Ali Verlikyaya, cercados por uma multidão que gritava slogans contra Israel e Estados Unidos enquanto o corpo chegava: “Israel, assassinos” e “Palestina do rio ao mar”.

O Exército israelense considerou “muito provável” que os disparos de seus soldados tenham matado “indiretamente e involuntariamente” a jovem ativista.

Uma autópsia realizada por três médicos palestinos, cujos resultados foram enviados à AFP pela chancelaria turca, conclui que um tiro direto atravessou o crânio da vítima.

O corpo da jovem chegou a Istambul na manhã de sexta-feira e foi recebido por uma guarda de honra do Exército turco.

Os restos mortais foram transferidos para Esmirna, a terceira maior cidade do país, onde uma nova autópsia foi realizada, e cujas conclusões serão integradas à investigação aberta pela Procuradoria de Ancara.

A Turquia planeja emitir ordens de prisão internacionais dependendo do resultado de sua investigação.

Em frente à casa da família em Didim, o pai da ativista, Mehmet Suat Eygi, comemorou a abertura da investigação na Turquia sobre “este assassinato arbitrário” e exigiu o mesmo gesto do governo americano, “pois Aysenur tinha apenas dez meses quando chegou aos Estados Unidos”.

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