ISTAMBUL, 10 JUL (ANSA) – A 10ª Câmara do Conselho de Estado da Turquia autorizou nesta sexta-feira (10) que o governo do país transforme a Basílica de Santa Sofia em uma mesquita. Os juízes anularam o decreto de 24 de novembro de 1934, do então presidente Mustafa Kemal Ataturk, que transformava o local em museu. O pedido de alteração havia sido feito por uma associação islâmica de Istambul e foi apresentado em 2016. Segundo informações da “CNN” local, os magistrados entenderam que a associação não poderia ser impedida de usar a Basílica com a finalidade que quisesse. A decisão sobre o monumento símbolo de Istambul era apoiada por diversos grupos muçulmanos e defendida pelo presidente do país, Recep Tayyp Erdogan, mas era criticada tanto pelos Estados Unidos e pela União Europeia, como pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).   

Segundo a entidade da ONU, qualquer alteração no status da Basílica ameaça “o valor universal” do monumento, que é patrimônio mundial da humanidade. “Cada modificação pede uma notificação antecipada à Unesco por parte do Estado interessado e sucessivamente, se for o caso, um exame do Comitê do Patrimônio Mundial”, declarou a Unesco em nota.   

Um dos porta-vozes da União Europeia, Eric Mamer, afirmou que a mudança de status da Basílica pode até ser mais um empecilho para que a Turquia entre no bloco. “Santa Sofia é um símbolo do diálogo inter-religioso e intercultural, um patrimônio mundial da Unesco. Em sua forma atual, ela é um monumento global”, ressaltou Mamer.   

Antes de ser declarada um museu por Ataturk, a construção teve mais de uma função ao longo dos milênios. O início da obra em estilo bizantino foi em 532, sendo concluída em 537. Desde o início, ela foi um templo católico, sendo a catedral de Constantinopla, mantendo a função até 1453. Depois disso, ela foi uma mesquita islâmica entre 1453 e 1931. (ANSA)