A Turquia manterá abertas suas fronteiras para a Europa, deixando os migrantes passarem, até obter uma resposta “concreta” da União Europeia às suas exigências – afirmou o presidente Recep Tayyip Erdogan nesta quarta-feira (11).

“Manteremos as medidas atualmente em vigor na fronteira até que as expectativas da Turquia (…) recebam uma resposta concreta”, frisou Erdogan.

Erdogan citou várias de suas demandas, como um maior apoio financeiro da Europa, que não se exija visto europeu dos turcos, que se abram novos capítulos no processo de adesão de Ancara à UE – hoje em ponto morto -, ou que se modernize a união aduaneira.

“Não pedimos esmola a ninguém. O que queremos é que as promessas se mantenham”, completou Erdogan.

Na terça, o presidente turco disse esperar progressos nestas questões durante uma cúpula do Conselho Europeu que será em 26 de março. Também ontem, anunciou que receberá a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, em Istambul, na próxima semana, para conversar sobre estas questões.

“Vamos nos reunir em Istambul na semana que vem, terça-feira [17 de março]”, informou Erdogan, segundo a agência pública de notícias Anadolu, acrescentando que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, também poderá participar do encontro.

No final de fevereiro, a Turquia abriu suas fronteiras para a Europa, o que fez milhares de migrantes se concentrarem na fronteira com a Grécia. A situação lembrou a Europa da crise migratória de 2015.

Em seu discurso de hoje, Erdogan criticou o comportamento das autoridades gregas, que impedem violentamente que milhares de estrangeiros entrem no país. Disse ainda que não tem “nenhuma diferença em relação ao que os nazistas faziam”.

“Não há qualquer diferença entre o que os nazistas faziam e as imagens que nos chegam da fronteira grega”, disse o presidente, classificando as autoridades gregas de “bárbaras” e “fascistas”.

A UE acusou a Erdogan de fazer “chantagem” com a questão migratória e pediu a Ancara que respeite os termos de um acordo UE-Turquia firmado em 2016 que prevê que os migrantes fiquem na Turquia em troca de uma ajuda financeira europeia.

Ancara alega, porém, que é necessário atualizar o acordo com os últimos acontecimentos na Síria, sobretudo, na província de Idlib, ao noroeste do país.

Nesta área, um milhão de pessoas se viram deslocadas, devido aos combates desde dezembro.

Turquia já abriga 3,6 milhões de sírios em seu território e teme que este número aumente por causa da crise humanitária em Idlib.