A Turquia e a Grécia, que viveram momentos de grande tensão nas últimas semanas, concordaram nesta terça-feira (22) em retomar o diálogo sobre o Mediterrâneo Oriental, uma novidade desde a última rodada de negociações em 2016.

O acordo para abrir essas negociações foi formalizado durante uma videoconferência entre o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, a chanceler alemã Angela Merkel e o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, assegurou a presidência turca.

Grécia e Turquia protagonizaram uma séria escalada de manobras militares nas águas que dividem os dois países.

Segundo a presidência turca, os participantes afirmaram que “Turquia e Grécia estão prontas para iniciar negociações exploratórias” no Mediterrâneo Oriental, onde ambos os países disputam áreas potencialmente ricas em gás natural.

A Grécia confirmou nesta terça-feira que vai retomar as negociações exploratórias com a Turquia pela primeira vez desde 2016, com o objetivo de reduzir as tensões entre esses dois países membros e aliados dentro da OTAN.

“A Grécia e a Turquia concordaram em manter conversações exploratórias, em breve em Istambul”, disse o Ministério das Relações Exteriores grego em um comunicado.

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Erdogan afirmou na videoconferência que “o impulso para diminuir as tensões e explorar os canais de diálogo deve ser apoiado com medidas recíprocas”, segundo a mesma fonte.

As explorações geológicas turcas em águas dentro do território grego despertaram a indignação de Atenas, que mobilizou forças navais e apelou aos seus parceiros na União Europeia.

A Turquia considera que tem o direito de explorar os depósitos de hidrocarbonetos na zona marítima.

Em Atenas, o Ministério das Relações Exteriores da Grécia informou que as negociações programadas ocorrerão em Istambul, mas sem especificar a data.

Erdogan disse na sexta-feira passada que está disposto a se encontrar com o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, se vir sinais de “boas intenções” de sua parte.

Em 10 de agosto, a Turquia enviou um navio de pesquisa sísmica acompanhado de navios de guerra para águas entre a Grécia e Chipre. A tensão piorou no final de agosto, quando os dois países realizaram exercícios militares rivais.

A crise está na pauta de uma cúpula europeia que aconteceria nos dias 24 e 25 de setembro em Bruxelas, mas que acabou adiada para início de outubro, já que vários países, especialmente a França, ameaçaram aplicar sanções contra a Turquia.

Outro sinal de calma foi enviado pela França, que apoia a Grécia nesta crise, com o anúncio pelo Palácio do Eliseu de uma conversa por telefone marcada para a noite entre o presidente Emmanuel Macron e Erdogan, que tiveram trocas tensas e veementes nas últimas semanas.

Para aprovar suas reivindicações sobre os setores em disputa no Mediterrâneo, Turquia e Grécia assinaram acordos de delimitação marítima nos últimos meses, respectivamente, com o governo líbio de Trípoli e com o Egito.


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