ISTAMBUL, 28 FEV (ANSA) – O governo da Turquia ameaçou nesta sexta-feira (28) não bloquear mais os refugiados da Síria que tentam chegar à União Europeia, o que, na prática, enterraria um acordo em vigor desde 2016.   

“Não fecharemos mais nossas fronteiras aos refugiados que querem chegar à Europa”, disse à AFP um funcionário de alto escalão do governo turco, sem revelar sua identidade.   

A decisão, segundo ele, foi tomada durante uma reunião extraordinária do conselho de segurança do país, presidido pelo mandatário Recep Tayyip Erdogan.   

A medida seria uma reação à morte de 33 militares turcos em ataques das forças de Bashar al-Assad na província de Idlib, que é palco de uma ofensiva do regime – a Turquia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), questiona a falta de apoio da União Europeia às suas tropas na região.   

De acordo com as Nações Unidas (ONU), já há 950 mil civis desalojados em Idlib, incluindo 569 mil menores de idade e 195 mil mulheres. A Bulgária já deslocou policiais para reforçar a segurança na fronteira terrestre com a Turquia, enquanto a Grécia fechou sua divisa com o país vizinho em Kastanies Evros.   

Algumas dezenas de refugiados estão se dirigindo a pé para a Grécia, já em reação à ameaça da Turquia de liberar a fronteira.   

O alto representante da União Europeia para Política Externa, Josep Borrell, disse ter conversado com o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, e obtido “garantias” de respeito ao acordo de 2016.   

O pacto prevê que todos os deslocados externos que desembarquem na Grécia sem documentos sejam devolvidos à Turquia, com os custos das viagens pagos pelo bloco. Para cada clandestino que Ancara recebe de volta, um migrante regularizado é enviado para a União Europeia.   

O regime Assad, com apoio da Rússia, tenta retomar Idlib de grupos rebeldes apoiados pela Turquia. (ANSA)