Fatores como segurança hospitalar, fama internacional e custo reduzido têm atraído cada vez mais estrangeiros e brasileiros que moram fora a virem ao Brasil exclusivamente para realizar cirurgias e outros procedimentos estéticos. Segundo o Ministério do Turismo, os eventos de estética vêm impulsionando as viagens de negócios no País, que vem se tornando líder mundial no setor de turismo estético.

De acordo com a publicação especializada “Patients Beyond Borders”, o mercado atual no mundo gira entre US$ 65 e US$ 87,5 bilhões. No Brasil, são cerca de 24 milhões de pacientes, que gastam média de US$ 3,4 mil por visita ao País, incluindo custos médicos, serviços locais, transporte, internação, acomodação e tratamentos estéticos. Os preços podem ser entre 20% e 30% menores do que em países como Estados Unidos.

“Moro em Portugal, mas não abro mão de realizar os meus procedimentos estéticos no Brasil. A qualidade dos profissionais e das instalações para se fazer cirurgia são excelentes. E a burocracia fora do Brasil é maior e exige um acompanhamento mais demorado de pós-operatório”, conta Edileuza Paiva.

As listas de espera também costumam ser bem reduzidas quando comparadas a mercados médicos de outros países, famosos pela mesma razão. “Acho os profissionais brasileiros muito bem preparados e sabem fazer procedimentos de maneira que tudo fique o mais natural possível. O procedimento de bioestimulação que realizarei sairá em torno de 30% mais em conta do que aqui no Reino Unido”, declara Cleverson Neiverth.

“Faço meus procedimentos estéticos no Brasil porque acho os profissionais muito bem capacitados” Cleverson Neiverth, empresário (Crédito:Divulgação)

Há duas décadas, a cirurgia plástica brasileira é pioneira em atrair pacientes internacionais. Segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o Brasil realiza 1,5 milhões de cirurgias plásticas anualmente, sendo 57% estéticas e 43% reparadoras. Desse total, cerca de 7% são realizadas em estrangeiros. O setor cresceu 13% em 2022 e com expectativa de crescimento de 35% nos próximos cinco anos.

“Hoje, cerca de 40% dos meus pacientes são de fora e gastam em média R$ 20 mil a R$ 40 mil”, revela Dr. Thiago Marra, cirurgião plástico e presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Saúde.

Além de ser o primeiro em número de cirurgias realizadas, o Brasil também possui um dos maiores números de cirurgiões plásticos do mundo. São 6.011 no total. “O mercado estético brasileiro é seguramente o segundo em crescimento no mundo, atrás apenas do EUA. Se fossem fazer alguns procedimentos como prótese, rinoplastia ou lifting facial com pálpebras, em Los Angeles, por exemplo, os pacientes gastariam mais ou menos US$ 40 mil, enquanto aqui, seguramente fica em torno de US$ 12 mil a US$ 15 mil”, explica o cirurgião plástico Wandemberg de Miranda Barbosa.

Mediante esse cenário, quem está surfando nessa onda são as redes de estética, que realizam procedimentos não invasivos. Segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising), o setor vem pelo terceiro ano consecutivo liderando o ranking do mercado que mais cresce no Brasil e fazendo sucesso no exterior. Helena Almeida, de 35 anos, mora nos Estados Unidos e não abre mão de vir ao País no mínimo duas vezes ao ano para isso. “Vou regularmente ao Brasil para fazer procedimentos estéticos não invasivos. Em Nova York, onde moro, o valor pode chegar a três vezes mais”, conta. Ela afirma que não existe outro lugar no mundo que tenha uma qualidade no serviço estético como no Brasil. “Escolho sempre o Brasil pela qualidade dos procedimentos e acessibilidade dos valores”, completa.

Um dos locais escolhidos por Helena para fazer um dos procedimentos foi a rede de estética Ad Clinic em São Paulo. “A cada cinco minutos uma pessoa realiza um procedimento estético nas nossas unidades”, afirma Aline Médici, proprietária da rede, que teve mais de 20% de seus pacientes em 2022 provenientes do chamado turismo estético. De acordo com os dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a previsão é de que até dezembro de 2022 tenham sido realizados 189% a mais de procedimentos estéticos não invasivos no País.