A fabricante americana dos famosos recipientes de plástico Tupperware, que já enfrentava problemas financeiros há anos, anunciou nesta quarta-feira (18) que vai iniciar um processo de recuperação judicial.

“Há vários anos, a situação financeira da empresa tem sido duramente afetada por um ambiente macroeconômico difícil”, disse Laurie Ann Goldman, presidente da empresa, que apresentou o pedido de proteção, de acordo com capítulo 11 da Lei de Falências.

“Analisamos várias opções estratégicas e concluímos” que a proteção à falência era “a melhor saída”, explicou Goldman em documentos do processo de insolvência.

Essa possibilidade circulava na imprensa há algumas semanas.

A cotação das ações da famosa fabricante de recipientes de plástico foi suspensa na terça-feira em Wall Street, depois que a agência Bloomberg informou sobre uma possível falência.

Na segunda, as ações da Tupperware perderam 57,51% em apenas um dia.

Em meados de agosto, o grupo indicou que continuava com “problemas significativos de liquidez” e que tinha “dúvidas” sobre sua capacidade de continuar em atividade.

Há anos, a Tupperware lida com uma dívida de centenas de milhares de dólares e já reestruturou seu passivo uma vez, em 2020.

Desde 2022, o grupo não publica suas contas. Nesse ano, o faturamento caiu a 1,3 bilhão de dólares, 42% menos que cinco anos antes.

Nos documentos apresentados ao tribunal de falência do estado de Delaware (leste) na terça, a Tupperware avaliou seus ativos entre 500 milhões e 1 bilhão de dólares.

Mas seu passivo está entre 1 e 10 bilhões de dólares repartidos entre 50.000 e 100.000 credores.

Ao concluir vários acordos sobre sua dívida nos últimos anos, a “Tupperware obteve tempo e oxigênio. Infelizmente, esse tempo se esgotou e a empresa não está em posição de continuar”, destacou Neil Saunders, diretor da GlobalData.

– Mudança de tendências –

Criada em 1946, a Tupperware fez sucesso nos Estados Unidos e muitos outros países graças à eficácia da sua rede de representantes.

Os recipientes de plástico para alimentos inicialmente eram vendidos em lojas, até que a empresa lançou as “reuniões Tupperware” entre um representante do grupo e potenciais compradores na casa de um deles.

A Tupperware foi prejudicada pelo comércio on-line, entregas de alimentos a domicílio e embalagens descartáveis.

Ela também é vítima da decisão de alguns consumidores de buscar soluções mais ecológicas.

A empresa tentou se adaptar às mudanças no modelo de consumo e desenvolveu vendas on-line e acordos de distribuição com lojas. Mas não conseguiu conter o desastre.

“É difícil imaginar como essa marca poderia voltar aos seus dias de glória”, refletiu Saunders.

Em 2017, a empresa criada por Earl Tupper tinha mais de três milhões de representantes em todo o mundo.