O crítico de arte Paulo Sérgio Duarte, amigo próximo de Tunga, esteve com ele poucos minutos antes de sua morte. O filho do artista, Antônio, lhe contara que os médicos já haviam avisado que o fim era iminente. Duarte fazia parte de uma lista íntima deixada por Tunga com a família, da qual constavam pessoas que ele queria ver no hospital. Ele contou que Tunga quis, depois de um tratamento no Hospital Sírio e Libanês, em São Paulo, vir para a cidade em que vivera a maior parte de sua vida.

“A lista tinha pessoas que poderiam entrar a qualquer momento na UTI, além do horário de visita, que era muito restrito. Alguns poucos, como o artista Everardo Miranda, seu amigo de infância, e familiares”, disse o crítico. “Ele pediu para morrer no Rio. Quando não estava sedado, ficava inteiramente lúcido, reconhecia as pessoas. Só não podia falar, por causa da traqueostomia.”

O câncer que Tunga acreditava ter vencido no ano passado voltou com violência em fevereiro deste ano. Os primeiros tumores apareceram na garganta, depois na língua, e, por último, nos pulmões. Nos últimos dias, vinha sedado e respirando por aparelhos. Entre a crença na cura e o recrudescimento da doença, foram poucos meses. “Ele estava estudando muito, tinha peças projetadas em construção em seu ateliê, na Barra da Tijuca, perto da casa onde morava. Ficava muito no ateliê, mas dizia que trabalhava mais quando estava na rede pensando: depois era só executar.”

Jochen Volz, curador-geral da 32ª Bienal de São Paulo

“Para mim, foi um privilégio trabalhar com o Tunga. Ele foi uma pessoa, artista, pensador, poeta que ensinava a todos o tempo todo.”

Júlia Rebouças – Curadora da 32.a Bienal de São Paulo

“Acho que o Tunga era um sujeito que era de outro tempo, um especialista de diversas áreas, um sujeito brilhante, um dos maiores artistas brasileiros.”

Fernando Cocchiarale, curador do Museu de Arte Moderna do Rio

Era um artista muito completo, que tinha o domínio poético das mídias que usava. Tinha coisas incríveis, sendo que a instalação “Ão”, de 1981, que esteve em Inhotim, me toca especialmente. E o fato de construir trabalhos tridimensionais a partir do magnetismo dos materiais demonstra as grandes percepções a que o trabalho dele levou.

Luiz Séve, dono da Galeria de Arte Ipanema

Era de uma criatividade espetacular. Basta dizer que foi das poucas pessoas que fizeram exposição na pirâmide de Louvre. Isso já o põe na lista dos mais importantes artistas contemporâneas. E ainda era muito engraçado, irônico, surpreendente e agradável, um ser humano maravilhoso. Se fosse procurar num dicionário os adjetivos, não conseguiria encontrá-los. Ele sempre levou a vida na brincadeira, e estava sofrendo, então a morte pode ter sido um presente de Deus.

Carlos Alberto Chateaubriand, diretor do Museu de Arte Moderna do Rio

A obra de Tunga tem uma densidade impressionante. Eu gosto muito do que está em Inhotim, assim como dos desenhos. Ele não parava, tinha sempre projetos em andamento, era arte o tempo todo. Mas chega uma hora é melhor a pessoa descansar.

Paulo Sérgio Duarte, crítico de arte

Tunga era reconhecido internacionalmente como um dos maiores artistas contemporâneos do mundo. Basta examinar a presença dele em instituições do mundo, com repercussão institucional, e não só comercial. Em 2005, foi o primeiro artista contemporâneo a expor debaixo da pirâmide do Louvre. Mostrou um belo trabalho chamado” À luz de dois mundos”, hoje em exposição em Inhotim. A coleção do Tunga em Inhotim merece ser visitada por toda pessoa que se interessa por arte.

Marcelo Mattos Araujo – Secretário de Cultura do Estado de São Paulo

“É uma perda imensa e irreparável para a cultura brasileira. Tunga é um nome fundamental das últimas décadas e sua contribuição é singular para o universo das artes. Sua obra é de uma potência única, uma obra muito questionadora e instigante e sua figura, também com essas características, vai ser muito sentida.”