O tufão Kalmaegi avança em direção ao Vietnã após deixar pelo menos 142 mortos e 127 desaparecidos em inundações devastadoras no centro das Filipinas, segundo números oficiais divulgados nesta quinta-feira (6).
O Kalmaegi é o tufão mais letal registrado no planeta em 2025, segundo a base de dados de desastres EM-DAT.
As inundações provocadas pelo tufão, descritas como sem precedentes, devastaram povoados e cidades na província de Cebu, onde arrastaram veículos, barracos e até mesmo enormes contêineres de transporte.
A Defesa Civil local confirmou 114 mortes, mas o número não inclui outros 28 óbitos registrados pelas autoridades provinciais de Cebu.
Mais de 500.000 pessoas foram deslocadas pelas inundações.
O presidente filipino, Ferdinand Marcos, declarou “estado de calamidade nacional”, o que autoriza o governo a liberar fundos para ajuda humanitária e a impor limites aos preços de produtos de primeira necessidade.
“Infelizmente, há outro (tufão) a caminho, com potencial para ser ainda mais forte”, alertou Marcos em uma entrevista coletiva.
Ele fez referência à tempestade tropical Fung-wong, que ganha força enquanto avança em direção a Luzon, a principal ilha das Filipinas.
A tempestade pode virar um tufão antes de tocar o solo na segunda-feira (10).
Em Liloan, um povoado perto da cidade de Cebu onde 35 corpos foram retirados das zonas inundadas, jornalistas da AFP viram carros empilhados e telhados arrancados de edifícios, cujos moradores tentavam remover a lama.
Uma mulher com necessidades especiais foi uma das vítimas em Liloan, ao ficar presa em um quarto quando sua casa foi inundada.
“Tentamos abrir [a porta de seu quarto] com uma faca e uma alavanca, mas ela não cedeu. Depois, a geladeira começou a boiar”, contou Christine Aton, irmã da vítima.
“Abri a janela e meu pai e eu saímos nadando. Choramos porque queríamos salvar minha irmã mais velha”, relatou a mulher, de 29 anos.
– Alerta no Vietnã –
Chyros Roa, 42 anos, disse que sua família foi salva pelos latidos de seu cachorro quando a água começou a subir durante a madrugada em sua casa, o que permitiu que todos se abrigassem no telhado.
Na ilha vizinha de Negros, onde morreram pelo menos 30 pessoas, a chuva causada pelo tufão provocou um deslizamento de terra em um vulcão que soterrou casas na cidade de Canlaon, disse à AFP o tenente policial Stephen Polinar.
As tempestades estão se tornando mais intensas devido às mudanças climáticas, alertam os cientistas.
O meteorologista Benison Estareja disse à AFP que a chuva registrada durante a passagem de Kalmaegi foi 1,5 vez superior à média prevista para Cebu durante todo o mês de novembro. Ele destacou que era algo que ocorria “uma vez a cada 20 anos”.
A velocidade do vento do Kalmaegi aumentou nesta quinta-feira, enquanto o tufão seguia para o vizinho Vietnã, que enfrenta os danos provocados por uma semana de inundações que deixaram 47 mortos.
O ciclone deve atingir o centro do Vietnã nas próximas horas, com ondas de até oito metros e fortes ressacas.
O vice-primeiro-ministro vietnamita Tran Hong Ha afirmou que as autoridades locais devem encarar o Kalmaegi como “urgente e perigoso” e o chamou de tempestade “muito anômala”.
As autoridades ordenaram que milhares de pessoas abandonem suas casas.