Um novo e impactante retrato da Via Láctea foi divulgado nessa semana pela Agência Espacial Europeia (ESA). Tamanho feito só foi possível graças ao árduo trabalho da Missão Gaia, lançada em 2013. Trata-se de uma sonda capaz de adivinhar o peso, a idade e a temperatura de uma estrela, por exemplo. Descobriu- se também vibrações na superfície delas, algo como tsunamis em grande escala. Na segunda-feira 13, o maior mapa da galáxia que habitamos revelou informações fascinantes. Os responsáveis pela missão divulgaram o que vem a ser o terceiro pacote de dados entregue pelo projeto desde seu lançamento.

Uma das descobertas mais surpreendentes são os movimentos na superfícies de uma estrela. Antes, se conhecia a existência de oscilações radiais que provocavam a expansão e encolhimento delas. Agora, o que se encontrou foram vibrações mais parecidas com tsunamis. “Gaia está abrindo uma mina de ouro para asterosismologia de estrelas massivas”, explica Conny Aerts, pesquisadora do projeto da Universidade KU Leuven, na Bélgica, em comunicado oficial.

AGÊNCIA ESPACIAL Europeia: o mais amplo levantamento de dados sobre a nossa galáxia (Crédito:Andreas Arnold/Dpa Picture-alliance/AFP)

Phillip Galli, doutor em astronomia pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), acrescenta a importância do novo pacote de dados. “Da mesma forma que os terremotos na Terra ajudam os sismólogos a entender a estrutura interna do nosso planeta, a asterosismologia permite estudar algumas propriedades
do interior das estrelas (temperatura, densidade e rotação) por meio das oscilações estelares”, diz ele.

Gaia também tem fornecido o maior mapa químico da galáxia. Entender se algumas estrelas possuem mais “metais pesados” do que as outras é importante para saber a origem delas. “Elas nascem de nuvens de gás composto majoritariamente por hidrogênio, e à medida que evoluem sintetizam novos elementos químicos em seu interior”, explica Galli.

“Nos estágios finais da evolução estelar, elas ejetam o material formado no interior, enriquecendo o meio interestelar
onde se formará uma nova geração de estrelas.” A grande quantidade de dados obtidos pelo satélite Gaia sobre a composição permitirá aos astrônomos realizar um estudo em grande escala buscando compreender a história de formação da Via Láctea.