Sempre me perguntei qual a lógica de Donald Trump atacar com tanta virulência os imigrantes, afinal, os Estados Unidos da América só são o que são, justamente pela onda migratória, sobretudo europeia, desde sua (re)colonização – acabei de inventar esse termo.

Terra de oportunidades, berço da liberdade, os EUA sempre foram generosos com seus visitantes e sempre souberam retribuir a confiança da escolha. Não é à toa a maciça presença de estrangeiros – e descendentes – no rol das maiores empresas americanas.

SEM ELES

De Igual sorte, como os setores industrial, imobiliário, serviço, hospitalidade, transporte e tantos outros sobreviveriam sem a farta mão de obra jovem – e mais barata – dos imigrantes de todos os cantos do planeta (especialmente México e Ásia)?

Recentemente, em conversa com um amigo que vive em NY, soube que, ao contrário do que muita gente pensa no Brasil e no mundo por conta das notícias que são veiculadas, o bufão alaranjado jamais executou, como presidente, as promessas que faz.

HIPOCRISIA

Em seus negócios próprios, ou nas esferas em que atua – diretamente ou de forma terceirizada -, Trump emprega milhares de imigrantes, inclusive ilegais, ao mesmo tempo em que pisa de forma grotesca e desumana sobre suas cabeças.

Pesquisas de opinião recentes nos Estados Unidos mostram que mais da metade da população concorda, em alguma medida, com as declarações xenófobas do republicano. Dentro do partido rival, o Democrata, 40% dos filiados endossam certos comentários.

DILMINHA

Eleitoralmente falando, portanto, Trump faz o certo, e como disse certa vez Dilma Rousseff, nossa eterna estoquista de vento, “para vencer as eleições a gente faz o diabo”. Mas o diabo é que, mesmo vencendo, o discurso, ainda que não praticado, permanece.

Gente como Donald Trump deveria ser impedida de ter voz pública. E quando digo pública, me refiro não apenas à função, mas ao mero direito de poder falar o que fala. Censura? Ditadura? Não. Humanidade. Civilização. Não é possível não compreender a diferença.

DISCURSO HOMICIDA

Liberdade de expressão e opinião não se mistura com liberdade para fomentar ódio étnico, religioso, racial ou qualquer outro tipo de apologia à cisão social e, ainda pior, ao desejo de aniquilamento do próximo. O que este cretino faz é justamente isso.

Trump consegue conectar suas mentiras e ofensas abjetas ao pensamento primitivo que, infelizmente, é predominante em gigantesca parcela das pessoas. Quando ele diz que um imigrante é um “animal selvagem, e não um ser humano”, ele praticamente diz: mate-o!

PERIGO REAL

O perigo embutido na estratégia eleitoral de populistas tiranos – como Donald Trump – ao redor do mundo, mostra-se real com a crescente onda global de antissemitismo, a intolerância religiosa no Oriente Médio e nos conflitos étnicos entre do leste europeu.

Espero, sinceramente, que os eleitores americanos civilizados sejam a maioria e neguem o retorno deste pústula ao Poder. Biden é gagá, é fraco, é isso, é aquilo? Sei lá. Mas não é, aí, sim, um animal selvagem como o sonegador-estuprador-homicida-alaranjado Donald Trump.