Trump visita aliada e eurocética Polônia no 80º aniversário da invasão nazista

Trump visita aliada e eurocética Polônia no 80º aniversário da invasão nazista

O presidente americano, Donald Trump, fará um discurso no domingo (1º), na Polônia, para recordar o 80º aniversário do início da Segunda Guerra Mundial, uma visita que confirma as boas relações entre Varsóvia e Washington, em contraste com os vínculos mais frios de ambos os países com a União Europeia (UE).

É a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos vai à Polônia para a cerimônia em lembrança da explosão do conflito que deixou 50 milhões de mortos. Entre eles, estão seis milhões de poloneses, metade dos quais judeus vítimas do Holocausto cometido pelos nazistas alemães.

Nem o presidente francês, Emmanuel Macron, nem a chanceler alemã, Angela Merkel, estarão nos eventos que serão realizados em Varsóvia. Tampouco o presidente russo, Vladimir Putin, que não foi convidado, já que a Polônia decidiu convocar os países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da UE e da Associação Oriental. Moscou não pertence a nenhuma delas.

Trump deve chegar a Varsóvia na noite de sábado (31) e permanece até segunda-feira, para uma visita oficial à Polônia. Ele seguiria para a Dinamarca, mas decidiu anular essa viagem, depois que Copenhague disse que a Groenlândia não está à venda.

Este foi o mais recente de uma série de incidentes entre a UE e o presidente americano, que diverge de Bruxelas em vários temas, como o comércio internacional, ou as relações com o Irã.

– Temas de atrito –

Os conservadores que governam a Polônia também têm muitos pontos de atrito com a UE. Entre eles, as polêmicas reformas de seu sistema judiciário.

“Como o governo polonês está em dificuldades com a UE, se esforça para se aproximar dos Estados Unidos. E, nesse sentido, é recíproco”, disse à AFP o analista político Marcin Zaborowski.

“Trump ama o povo, que o ama, e a atual liderança polonesa também. O governo polonês também aprecia ser tratado como sócio próximo do país mais poderoso do mundo. Ser amigo de Trump permite afastar a impressão de isolamento internacional”, acrescenta este especialista em relações transatlânticas.

– Presidente ucraniano –

Em 23 de agosto de 1939, a Alemanha nazista e a União Soviética comunista firmaram o pacto Ribbentrop-Molotov, que incluía um anexo secreto sobre a divisão do leste da Europa entre Berlim e Moscou.

A agressão alemã começou em 1º de setembro com os bombardeios navais à guarnição de Westerplatte na costa do Báltico, assim como aéreos, sobre a pequena cidade de Wielun.

No domingo, entre as quatro e cinco horas da manhã, o presidentes polonês, Andrzej Duda, e seu colega alemão, Frank-Walter Steinmeier, participarão de uma cerimônia em Wielun, enquanto o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, e o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, estarão em Westerplatte.

Em 3 de setembro de 1939, França e Grã-Bretanha, aliados da Polônia, declararam guerra à Alemanha, mas sem lançar operações importantes. Em 17 de setembro, a URSS atacou o leste da Polônia.

A colaboração entre nazistas e soviéticos terminou com o ataque de Hitler à URSS em 22 de junho de 1941. A guerra continuou entre os Aliados, aos quais se somaram a URSS e os Estados Unidos. O Eixo germano-ítalo-japonês foi finalmente derrotado em 1945.

Segundo a Presidência polonesa, cerca de 40 delegações estrangeiras assistirão às cerimônias de domingo, metade delas liderada por chefes de Estado.

Um dos presentes será o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski. A posição da Ucrânia fora da zona de influência de Moscou é considerada, em Varsóvia, um importante elemento para a segurança da Polônia.

– Contratos militares –

Cerca de cinco mil militares americanos se encontram estacionados na Polônia, junto com outros soldados da Otan.

Em junho passado, Trump anunciou o envio para a Polônia de mil soldados adicionais. Durante sua visita, talvez divulgue a missão desse novo efetivo.

Os Estados Unidos já fecharam vários contratos de venda de armas com a Polônia e esperam agregar os caças F-35 ao pacote, apontou Zaborowski.

Uma sombra sobrevoa, porém, as relações entre Varsóvia e Washington: o apoio do Senado dos Estados Unidos às reivindicações sobre os bens de vítimas judias do Holocausto na Polônia.

O governo polonês considera que a questão está encerrada e que a “lei 447” votada pelo Congresso americano – e que pede ao secretário de Estado, Mike Pompeo, que leve este tema à frente – não terá qualquer efeito real em seu país.