O chefe de gabinete interino do presidente Donald Trump disse nesta quinta-feira (17) que a Casa Branca vinculou a ajuda militar dos Estados Unidos à Ucrânia à investigação de uma teoria de que Kiev teria ajudado os democratas nas eleições presidenciais de 2016.

Mick Mulvaney declarou em coletiva de imprensa que não havia nada de errado em impor esta condição, previamente negada pela Casa Branca.

O funcionário afirmou que o próprio Departamento de Justiça dos Estados Unidos estava investigando a acusação – considerada por muitos como uma teoria da conspiração infundada – de que o Comitê Nacional Democrata (CND) tinha ocultado um servidor informático na Ucrânia que jogaria por terra as afirmações de que os russos ajudaram na vitória eleitoral de Trump há três anos.

Mulvaney disse que os quase 400 milhões de dólares em apoio militar americano, prometidos à Ucrânia, foram congelados em julho porque Trump não queria dar dinheiro a um país corrupto.

“Mencionou também ao passar a corrupção relacionada com o servidor do CND? Absolutamente. Não há dúvida a respeito”, disse Mulvaney a jornalistas. “Isso é tudo e por isso retivemos o dinheiro”.

“Fazemos isso toda hora com a política externa”, acrescentou Mulvaney. “Aceitem. Haverá influência política na política externa”.

Essa admissão por parte do chefe de gabinete da Casa Branca pareceu somar apoio à investigação que avança no Congresso para levar a um julgamento político o presidente por pressionar seu colega ucraniano, Volodimir Zelenski, para investigar fatos que pudessem beneficiar Trump politicamente.

Mulvaney pôs a suspensão da ajuda militar à Ucrânia no contexto da investigação do Departamento de Justiça sobre as origens de uma investigação anterior sobre a ingerência russa nas eleições de 2016, que Trump qualificou reiteradamente de “caça às bruxas” contra ele.

O chefe de gabinete também evitou as perguntas sobre se a Casa Branca pressionou a Ucrânia para investigar o possível adversário democrata de Trump nas eleições presidenciais de 2020, Joe Biden, ou vincular isso à ajuda militar, foco central da investigação com vistas a um julgamento político.

Em um telefonema com Zelenski em 25 de julho, Trump mencionou o problema do servidor e de Biden, cujo filho, Hunter, integrou a junta diretiva da Burisma, poderosa empresa de energia ucraniana.

“Fala-se muito sobre o filho de Biden”, disse Trump a Zelenski.

Quando se perguntou a Mulvaney se ele pessoalmente teve algum papel em pressionar Kiev para que investigasse Biden, disse, “não”.

“Nunca tive uma conversa que incluísse a palavra ‘Burisma'”, afirmou.