O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, viaja nesta segunda-feira (14) para a Califórnia, afetada pelos incêndios que assolam a costa oeste do país, onde deverá fazer um discurso contrário ao de seus adversários democratas, que tentam conscientizar sobre a necessidade de combater as mudanças climáticas.

As dezenas de focos que devastam há dias a costa deixaram pelo menos 35 mortos desde o início do verão, 27 deles na última semana nos estados de Washington, Oregon e Califórnia.

Em campanha pela reeleição, Trump chegará a Sacramento, capital da Califórnia, onde será informado da situação e, em seguida, participará de cerimônia em homenagem à Guarda Nacional do estado.

Ele permanece no estado por apenas algumas horas, antes de viajar para o Arizona, um dos que poderão decidir as eleições presidenciais em 3 de novembro.

Kamala Harris, a candidata democrata à vice-presidência, irá à Califórnia nesta segunda-feira à noite para verificar os danos causados pelas chamas e se encontrar com os responsáveis pelos serviços de emergência na terça-feira.

A senadora da Califórnia acusa Trump de negar os fatos, ao não reconhecer que os incêndios são “alimentados e intensificados pela crise climática”.

O presidente republicano prefere outra hipótese: os incêndios se devem à má gestão das florestas por parte dos estados do oeste, todos controlados por seus rivais democratas.

“Lembrem-se dessas palavras: manejo florestal”, disse ele no sábado, durante um comício de campanha em Nevada.

– “Fatos inegáveis” –

O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, falará nesta segunda-feira em Delaware sobre “a ameaça que eventos climáticos extremos representam para os americanos” e a “necessidade urgente de combater a crise climática”.

“O presidente Trump pode tentar negar a realidade, mas os fatos são inegáveis”, declarou ele na noite de sábado, depois que seu adversário atribuiu os incêndios ao manejo florestal.

De acordo com o consenso científico, a magnitude desses incêndios está ligada às mudanças climáticas, que agravam uma seca crônica e causam condições climáticas extremas.

Na Califórnia, as chamas fizeram 16 vítimas na última semana, 14 delas no condado de Butte. Em novembro de 2018, a região foi alvo dos incêndios que devastaram a cidade de Paradise.

Os incêndios já haviam deixado oito mortos em agosto no estado.

Nesta segunda, a fumaça provocada pelas chamas se espalha por áreas muito grandes e atinge o ar das cidades de Portland (Oregon), Seattle (estado de Washington) e San Francisco (Califórnia), que estão entre as mais poluídas do mundo, segundo a empresa IQAir.

Dez pessoas morreram em Oregon nos incêndios.

Em Mehama, a leste da capital do estado, Salem, a polícia tem acesso limitado às cidades de Mill City e Lyons, evacuadas conforme os incêndios avançam. Longas filas de carros esperavam em meio a uma névoa densa. Muitos de seus motoristas eram fazendeiros que queriam voltar para alimentar seus animais.

“Voltamos a Mill City esta manhã, mas a polícia nos aconselhou a não fazer isso, porque é perigoso”, disse à AFP Elaina Early, moradora daquela pequena cidade atravessada pelas chamas.

“A casa está de pé, mas não vamos até lá porque as condições não são nada boas”, completou.

Mais de 400.000 hectares de floresta queimaram no Oregon, segundo a governadora Kate Brown.

As autoridades pediram a cerca de 500.000 residentes que evacuassem suas casas, e 40.000 já o fizeram.

“Isso deve nos fazer entender que temos que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para combater as mudanças climáticas”, disse Brown.

No estado de Washington, a última vítima registrada foi um bebê.

Os incêndios consumiram mais de dois milhões de hectares na costa oeste. Em tese, a temporada de incêndios dura até novembro.