O novo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, arrecadou a maioria de votos na cidade de Springfield, Ohio, mesmo após divulgar fake news sobre os habitantes da região no decorrer da campanha.

Em setembro, durante o único debate contra a candidata Kamala Harris, Trump declarou que os imigrantes haitianos de Springfield estariam comendo animais de estimação. A alegação era uma notícia falsa que havia viralizado na internet e foi desmentida pelos apresentadores no mesmo momento.

Diversos cidadãos identificaram o cunho preconceituoso da fala – e até o cantor John Legend, que nasceu em Springfield, usou as redes sociais para contestar a citação de Trump. “Ninguém está comendo comendo gatos e cachorros”, disse em seu Instagram.

Após a repercussão do assunto, Springfield recebeu 33 ameaças de bombas em um período de poucos dias. Por medidas de segurança, hospitais e faculdades foram paralisados e a polícia reforçou a segurança nas escolas.

Apesar disso, Donald Trump conquistou a maioria eleitoral na cidade e no estado referidos. O republicano arrecadou 64,2% dos votos contra 34,8% de Kamala. Além disso, Bernie Moreno, também republicano, venceu a corrida pelo Senado em Springfield.

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Postura durante a campanha

Durante a campanha, Donald Trump discorreu sobre o tema da imigração de forma expressiva. O líder eleito prometeu realizar o maior processo de deportação em massa já visto no país – começando por Springfield.

Mesmo sem base e sendo desmentido inúmeras vezes, o discurso do republicano se fundou em argumentos anti-imigração. Nas palavras do presidente, os EUA estariam “inundados de imigrantes ilegais” que, junto com os refugiados sem documentação, cometiam estupros e ocupavam empregos.

Haitianos residentes de Springfield falaram ao “The Washington Post” sobre as perspectivas pós-eleição de Trump. A maior parte dessa população vive e trabalha legalmente nos Estados Unidos, mas não são considerados cidadãos. Isso significa que grande parcela desses imigrantes não puderam votar.

“Não sei se poderei continuar a perseguir meus sonhos”, desabafou a haitiana Yvena Jean François.