O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, destituiu seu chefe da diplomacia, Rex Tillerson, nesta terça-feira (13), e nomeou o diretor da CIA, Mike Pompeo, para lhe suceder, pondo fim à gestão do ex-executivo do petróleo, marcada por desencontros e por constantes rumores de partida.

“Mike Pompeo, diretor da CIA, se tornará o nosso novo secretário de Estado. Fará um trabalho fantástico”, tuitou Trump. “Obrigado, Rex Tillerson, por seus serviços”.

O presidente também anunciou a nomeação de Gina Haspel como diretora da CIA, a primeira mulher designada para o posto. A designação é controversa: Haspel, uma espiã experiente, é apontada por ter participado de torturas a detidos após os ataques de 11 de setembro.

O presidente queria reestruturar sua equipe a fim de iniciar as negociações com a Coreia do Norte, após o surpreendente anúncio na semana passada de um encontro entre Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, disse um alto funcionário da Casa Branca.

Em declarações a jornalistas antes de partir para a Califórnia, Trump falou abertamente de seus desencontros com o ex-chefe da Exxon, em particular sobre o acordo nuclear com o Irã.

“Rex e eu (…) nos damos muito bem, mas discordamos em algumas coisas”, disse.

“O acordo com o Irã eu achei que era terrível, ele pensou que era bom. Eu queria rompê-lo, ou fazer algo, ele pensava um pouco diferente. Então, realmente não estávamos pensando o mesmo”, reconheceu.

“Acho que Rex será mais feliz agora”, acrescentou.

Trump anunciou também a nomeação de Gina Haspel para dirigir a Agência Central de Inteligência (CIA), a primeira mulher a ocupar o posto.

Haspel, uma espiã experiente, é apontada por participar de torturas a detidos após os ataques do 11 de Setembro.

O senador republicano John McCain, feroz adversário da prática de tortura, pediu aos legisladores que examinem com cuidado o envolvimento de Haspel “neste programa vergonhoso”.

McCain, que foi torturado no Vietnã, liderou as denúncias sobre as “técnicas avançadas de interrogatório”, um eufemismo utilizado pela administração de George W. Bush para descrever os métodos utilizados contra os detidos suspeitos de terrorismo.

– Agradecimentos a todos, menos Trump –

Em um breve discurso de despedida, Tillerson, que teve palavras de agradecimento para todos, menos Trump, revelou que vai deixar o cargo em 31 de março, mas disse que até lá vai delegar suas funções ao subsecretário John Sullivan.

Em sua declaração, na qual celebrou os frutos da pressão da comunidade internacional sobre a Coreia do Norte, o secretário de Estado também alertou para o “comportamento e as ações preocupantes do governo russo”.

Quando Trump decidiu aceitar o convite para se reunir com Kim, Tillerson, que estava na África, suspendeu sua agenda por estar “indisposto” e encurtou a viagem para poder regressar a Washington.

Após o anúncio de Trump nesta terça-feira, Steve Goldstein, subsecretário de Estado para Assuntos Públicos, disse que Tillerson não falou com o presidente nesta manhã e que desconhecia os motivos de sua destituição.

Em uma série de tuítes em sua conta oficial, Goldstein deu a entender que Tillerson ficou surpreso com sua destituição.

“O secretário tinha toda a intenção de ficar, devido ao progresso tangível conseguido em questões críticas de segurança nacional. Estabeleceu e desfrutou as relações com suas contrapartes”, acrescentou Goldstein, que foi demitido após esses comentários.

“Espero descansar um pouco”, disse à AFP.

Durante sua gestão, Tillerson se viu muitas vezes forçado a negar que havia discutido com Trump e prometeu permanecer no cargo apesar de rumores de que teria chamado o presidente de “imbecil”.

Como chefe da diplomacia americana, enfrentou muitos desafios de política externa: das ameaças nucleares da Coreia do Norte até problemas com a Rússia e supostos ataques contra diplomatas americanos em Cuba.

Seus esforços foram, porém, frequentemente ofuscados pelo estilo pouco diplomático de Trump e por seus tuítes provocadores que causaram tensões internacionais.

– ‘Humilhante’ –

Trump elogiou o trabalho de Pompeo, um ex-oficial do Exército americano e congressista que dirigia a Agência Central de Inteligência (CIA) desde janeiro de 2017, considerando-o “a pessoa adequada para o trabalho neste momento crítico”.

“Continuará nosso programa de restaurar a posição dos Estados Unidos no mundo, fortalecer nossas alianças, enfrentar nossos adversários e buscar a desnuclearização da península coreana”, disse Trump.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, comemorou a notícia. “Excelente decisão do presidente”, disse, parabenizando seu “amigo” Pompeo, sem citar Tillerson.

Trump pediu que Pompeo seja confirmado rapidamente pelo Senado, enquanto sua administração prepara essas sensíveis negociações, cuja data e lugar ainda não foram determinados.

Aaron Miller, ex-diplomata especializado em Oriente Médio, não escondeu sua surpresa. “Após ter trabalhado com meia dezena de secretários de Estado, pensei que tinha visto quase tudo em termos de intriga burocrática e novela política”, escreveu em um artigo publicado no site da CNN.

“Bom, bem-vindo à ‘Trumpland'”, disse Miller, destacando que a demissão pelas redes sociais foi “humilhante”.