Donald Trump está sozinho em Nova York? Nenhum apoiador compareceu na manhã desta sexta-feira (31) à Promotoria do Distrito de Manhattan, que indiciou criminalmente pela primeira vez na História um ex-presidente, no caso do pagamento a uma estrela pornô para comprar o silêncio da mesma.

“Realmente, já é hora de começarmos a buscar o que temos em comum e o que nos traga mais paz para o mundo e para os Estados Unidos”, disse Mary Fish à AFP nas imediações da Promotoria, dirigida por Alvin Bragg e blindada por dezenas de policiais em alerta máximo. “Todos estão presos aos pequenos detalhes” e menos a um “quadro geral”, ressaltou a quinquagenária, que gostaria que as pessoas pensassem mais “em um país unido, que nossos filhos e nosso dinheiro estejam seguros”, e menos em divisões políticas. “Não se trata de uma pessoa, são os valores.”

– Vergonha –

Para a advogada Susan, de 60 anos, que não quis divulgar o sobrenome e é eleitora de Trump não tanto pela personalidade do bilionário, mas por suas ações, o indiciamento tem motivação política, o que ela diz que a “envergonha”, uma vez que equipararia o sistema judicial americano ao de outros países com “sistemas judiciais politizados”.

O dono do caminhão de ‘fast food’ estacionado em uma esquina em frente à Promotoria, que chega ao local todos os dias às 3h para esquentar a água dos chás e cafés que serve para o desjejum de pedestres apressados, reclama que a comoção causada não se reflete em seu negócio. “Inclusive, estou vendendo menos”, lamentou o comerciante, que não quis revelar seu nome.

– Amigos da Espanha –

Após ouvir na noite anterior a notícia, que explodiu como uma bomba, de que um grande júri havia votado a favor do indiciamento do ex-presidente, três amigos da Espanha se reuniram para observar o movimento em frente à Promotoria, antes de iniciarem uma visita guiada ao bairro chinês onde o prédio está localizado.

“É estranho para nós”, comentou Pilar Baños, de 72 anos. “O fato de o colocarem no carro com a cabeça abaixada lhe dá protagonismo e votos, porque, para muitos, parece uma injustiça”, afirmou à AFP.

Em plena campanha das primárias do Partido Republicano com vistas a retornar à Casa Branca nas eleições de 2024, o magnata denunciou o que chamou de “caça às bruxas” e instrumentalização da Justiça pelos democratas.

Em frente à suntuosa Trump Tower, que fica na 5ª Avenida de Nova York, cidade que costuma eleger democratas, uma dúzia de detratores se reuniu com cartazes que pediam a “a prisão” do magnata. “Ninguém está acima da lei”, afirmaram.

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