O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump se declarou “não culpado”, nesta quinta-feira (31), das acusações de ter liderado uma conspiração criminosa para reverter sua derrota nas eleições de 2020 no estado da Geórgia, no sul do país.

O pré-candidato republicano à próxima eleição presidencial, que enfrenta 13 acusações criminais, apresentou sua declaração em um documento judicial, renunciando ao seu direito de comparecer a uma leitura de acusações marcada para quarta-feira da semana que vem (6).

Trump, de 77 anos, entregou-se na semana passada no presídio do condado de Fulton, em Atlanta, capital da Geórgia. Foi o primeiro ex-presidente americano a ser fotografado em uma foto policial (número “PO1135809”).

Libertado sob fiança de 200 mil dólares (984 mil reais na cotação atual), Trump foi acusado de conspirar com outras 18 pessoas para tentar reverter sua derrota na Geórgia para Joe Biden.

O magnata foi acusado criminalmente quatro vezes desde abril e terá de fazer malabarismos para enfrentar vários comparecimentos ao tribunal em meio a uma nova campanha presidencial.

A prisão de Trump na Geórgia ocorreu um dia depois de ele ter-se recusado a participar de um debate televisivo em Milwaukee, no estado de Wisconsin, envolvendo oito dos seus rivais à indicação presidencial republicana, que estão muito atrás dele nas pesquisas.

Durante o debate, todos os candidatos, exceto dois, disseram que o apoiariam como candidato do partido, mesmo que ele seja condenado.

– “Ganhos ilícitos” –

Uma juíza federal em Washington marcou o início do seu julgamento por conspiração para segunda-feira, 4 de março de 2024, véspera da “Superterça”. Nessa data, mais de uma dúzia de estados escolhe entre ele e um dos seus adversários para a candidatura presidencial republicana.

“A definição de uma data para o julgamento não depende das obrigações profissionais do acusado, então o senhor Trump terá que fazer com que a data funcione”, disse a juíza do Tribunal de Distrito dos EUA, Tanya Chutkan, na audiência.

Trump também enfrenta outros processos e, na quarta-feira, foi acusado pela procuradora-geral do Estado de Nova York, Letitia James, de supervalorizar seu patrimônio líquido em bilhões de dólares todos os anos, entre 2011 e 2021.

Em documentos apresentados em apoio a um processo civil de 250 milhões de dólares (1,2 bilhão de reais na cotação atual) em curso contra o ex-presidente, a procuradora alegou que Trump e seus associados apresentaram números “muito inflacionados” a bancos e seguradoras “para garantir e manter empréstimos e seguros em condições mais favoráveis”.

O esquema resultou em “centenas de milhões de dólares em poupanças e ganhos ilícitos”, afirmou.

O processo por esse suposto crime começará em 2 de outubro, com uma audiência preliminar em 22 de setembro, embora James, uma democrata, queira que o tribunal resolva o caso antes de ir a julgamento.

Mark Meadows, chefe de gabinete da Casa Branca no governo de Trump, também réu no caso da Geórgia, entregou-se na semana passada antes de ser libertado sob fiança de 100 mil dólares (492.130 reais).

O ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, que atuou como advogado pessoal de Trump e foi um dos que mais insistiram em denunciar supostas fraudes nas eleições de 2020, também foi fichado e solto.

A campanha presidencial de Trump informou que arrecadou milhões de dólares desde que a foto do ex-presidente na prisão foi publicada, graças à venda de camisas, canecas e adesivos com essa imagem.

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