Donald Trump tentará garantir, na terça-feira (23), a indicação republicana para as eleições presidenciais dos Estados Unidos em New Hampshire, nas quais Nikki Haley é o seu único obstáculo na corrida após a desistência do governador da Flórida, Ron DeSantis.

Trump começou o dia em Nova York, onde compareceria a um julgamento por difamação, que foi adiado devido a um possível caso de covid-19 de um membro do júri.

O calendário para a indicação de Trump como rival do presidente Joe Biden nas eleições de novembro pode acelerar em New Hampshire (nordeste), a menos que ele seja derrotado ou que Haley obtenha um resultado muito bom, ficando segundo lugar por uma margem estreita.

O ex-presidente obteve uma vitória clara contra DeSantis em Iowa, na semana passada, com Haley em terceiro lugar. Até hoje, nenhum candidato deixou de conquistar a coroa republicana depois de vencer as primárias nos dois primeiros estados.

Isto torna New Hampshire um tudo ou nada para Haley, que foi embaixadora da ONU no governo Trump e que aparece atrás de seu ex-chefe nas pesquisas, nesse que é considerado seu estado mais forte.

Em uma nova pesquisa do Washington Post/Monmouth desta segunda-feira, Trump conta com o apoio de 52% em New Hampshire, contra 34% de Haley.

Trump, de 77 anos, redobrou seus ataques a Haley na semana passada, chamando-a de “não inteligente o suficiente” e de não conseguir conquistar o respeito dos eleitores.

Voltou a atacá-la no domingo, elogiando DeSantis como uma “pessoa muito capaz”, ao aceitar o endosso do governador da Flórida.

“Porque temos políticas similares, com fronteiras fortes, boa educação, impostos baixos, pouquíssimas regulações, o mínimo possível, coisas sobre as quais (Haley) realmente não fala, porque ela é uma globalista”, disse entre aplausos em sua sede de campanha, em Manchester.

Haley criticou Trump recentemente, referindo-se às suas capacidades mentais quando questionou-o por tê-la confundido com a veterana democrata Nancy Pelosi em um comício de campanha.

“Simplesmente não está no mesmo nível de 2016. Acho que estamos vendo um pouco desse declínio. Mas, mais do que isso, o que direi se concentra no fato de que, não importa do que se trate, o caos o persegue”, afirmou, em entrevista à rede CBS.

– “Última resistência” –

Com DeSantis fora de cena, Haley busca apoio no alto percentual de independentes de New Hampshire – que podem votar nas primárias de qualquer partido e normalmente optam por candidatos mais moderados – para montar o que alguns analistas descreveram como sua “última resistência”.

Mas não será fácil, com uma média de 15 pontos atrás de Trump nas pesquisas dos sites RealClearPolitics e FiveThirtyEight e em uma situação de aparente estagnação.

Se Haley obtiver resultados excelentes na terça-feira, ela poderá, no entanto, tornar-se uma ameaça genuína para o ex-presidente em seu estado natal, a Carolina do Sul, no final de fevereiro.

“Acho que seria ótimo para nós ter Nikki Haley como presidente”, disse à AFP Madison Gillis, de 18 anos, que votará pela primeira vez. “Acho ela incrível. Gosto do que ela representa e acho que ela tem uma chance aqui em New Hampshire”, completou.

– Antes dos julgamentos –

New Hampshire é um pequeno prêmio em uma longa disputa, já que destina apenas 22 dos 2.429 delegados que designarão oficialmente o candidato do Partido Republicano em Milwaukee, em julho. Mas é um indicador mais confiável a nível nacional e considera-se que marcará a pauta das próximas primárias.

A chamada “Super Terça-feira” de 5 de março, com 874 delegados na mesa, pode fazer um pré-candidato alcançar em torno de 75% do total necessário para a nomeação.

Os assessores de Trump apostam em estar em posição de encerrar a corrida uma semana depois e querem que ela termine em abril, ou seja, quase certamente antes do início de qualquer um de seus julgamentos criminais.

Os democratas fazem suas próprias primárias em New Hampshire no mesmo dia que os republicanos, mas Biden não estará na lista de candidatos devido a uma disputa sobre o calendário eleitoral entre funcionários locais e o Partido Democrata.

Apesar disso, seus apoiadores afirmam que escreverão seu nome na cédula e votarão nele em vez do congressista de Minnesota Dean Phillips e da autora de livros de autoajuda Marianne Williamson.

De qualquer modo, o resultado não afetará o processo e a indicação de Biden em seu partido é dada como certa.

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