WASHINGTON (Reuters) – O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, retornou à Casa Branca nesta quarta-feira pela primeira vez desde que venceu a eleição da semana passada e sentou-se para conversar sobre a iminente transferência de poder com o atual presidente e seu adversário político de longa data, Joe Biden.

A comitiva do republicano Trump passou pelo portão da Casa Branca fortemente vigiado, e o antigo e futuro presidente foi recebido no Salão Oval por Biden, um democrata que o derrotou na eleição de 2020.

Do lado de fora, na entrada da Casa Branca, uma enorme multidão de jornalistas se reuniu para acompanhar o encontro.

Trump comemorou sua vitória no início do dia com os republicanos na Câmara dos Deputados. O partido tem uma boa chance de manter o controle da Casa à medida que os resultados das eleições de 5 de novembro estão chegando.

“Não é bom ganhar? É bom ganhar. É sempre bom ganhar”, disse Trump. “A Câmara se saiu muito bem.”

Biden, que inicialmente concorreu contra Trump na eleição deste ano antes de se afastar da campanha e endossar a vice-presidente Kamala Harris como a candidata democrata, deu as boas-vindas a Trump no Salão Oval — uma cortesia tradicional dos presidentes que estão deixando o cargo, mas que Trump não estendeu a Biden quando ele venceu em 2020.

“Ele acredita nas normas, acredita em nossa instituição, acredita na transferência pacífica de poder”, disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, sobre a decisão de Biden de convidar Trump.

Biden e Trump têm criticado duramente um ao outro há anos, e suas respectivas equipes têm posições muito diferentes sobre políticas que vão desde as mudanças climáticas até a Rússia e o comércio.

Biden, de 81 anos, retratou Trump como uma ameaça à democracia, enquanto Trump, de 78 anos, retratou Biden como incompetente. Trump fez falsas alegações de fraude generalizada depois de perder a eleição de 2020 para Biden.

Do lado de fora dos portões da Casa Branca, os sinais da iminente transferência de poder eram evidentes, com a construção já em andamento das arquibancadas para os convidados VIP se sentarem durante o desfile que ocorrerá após a posse de Trump em 20 de janeiro.

Transição paralisada

Embora Biden pretenda usar a reunião para mostrar continuidade, a transição em si está parcialmente paralisada.

A equipe de Trump, que já anunciou alguns membros do gabinete do novo presidente, ainda não assinou acordos sobre espaços de trabalho e equipamentos do governo, bem como acesso a funcionários, instalações e informações do governo, de acordo com a Casa Branca.

“Os advogados da transição Trump-Vance continuam a se envolver construtivamente com os advogados do governo Biden-Harris em relação a todos os acordos contemplados pela Lei de Transição Presidencial”, disse Brian Vance, porta-voz da transição de Trump, referindo-se à lei que rege a transferência de poder.

Além das reuniões sobre órgãos federais, Biden e Trump provavelmente discutirão uma infinidade de tópicos, incluindo política externa.

O presidente que está deixando o cargo pode pedir a Trump que apoie a Ucrânia em sua guerra com a Rússia. O apoio dos EUA a Kiev está em questão após a vitória de Trump sobre Kamala na semana passada, uma vez que Trump se comprometeu a encerrar a guerra rapidamente, sem explicar como.

A reunião é o primeiro encontro entre ambos desde o debate da campanha presidencial em junho. O desempenho ruim de Biden aumentou as preocupações sobre sua idade entre os pares democratas e levou à sua saída da disputa eleitoral.

(Reportagem de Jeff Mason; reportagem adicional de Heather Timmons, Richard Cowan, Steve Holland, Tim Reid e Rami Ayyub)