O ex-presidente americano Donald Trump atribuiu, nesta quarta-feira (1º) seus problemas judiciais e todos os males do país ao seu adversário, o presidente democrata Joe Biden, em seu primeiro comício desde o começo de seu julgamento em Nova York.

“Se não vencermos estas eleições, não acho que o nosso país vai sobreviver”, disse Trump a seus apoiadores no Wisconsin, estado rural do norte dos Estados Unidos.

O ex-presidente republicano e candidato nas eleições deste ano aproveita uma breve pausa nas audiências penais para ir a Wisconsin, estado rural do norte do país e um dos mais disputados em seu duelo eleitoral com o democrata Joe Biden em novembro.

Trump fez um panorama sombrio da Presidência de seu sucessor democrata.

“Biden preside o país como um anti-Robin Hood, roubando dos pobres para dar aos ricos”, disse à multidão antes de acusar o adversário de manter segredo sobre as manifestações estudantis pró-palestinos e de deixar que o país seja “invadido” por hordas de migrantes.

O segundo comício está previsto para as 19h de Brasília e deve ocupar uma pista do aeroporto de Michigan, o que lhe permitirá aterrissar diretamente aos pés do púlpito com seu avião pessoal, ao som de música patriótica.

Segundo a equipe de campanha de Trump, estes comícios vão permitir ao ex-presidente “marcar o contraste” entre seu primeiro mandato “e a presidência fracassada” de seu adversário democrata.

Os atos são como um sopro de ar fresco longe do tribunal de Manhattan, onde há duas semanas ele é julgado pelo pagamento sigiloso a uma ex-atriz pornô.

– ‘Dom Dorminhoco’ –

As idas e vindas do septuagenário na corte parecem ter virado uma espécie de rotina.

O republicano começa e termina o dia de audiências com declarações em que aproveita para falar um pouco de tudo, de seus reveses judiciais à situação econômica dos Estados Unidos, o aniversário de sua esposa ou o frio que diz sentir no tribunal.

Dentro da sala da corte, Trump permanece em silêncio e impassível.

Diante da multidão de testemunhas que participam do julgamento, às vezes parece entendiado e, inclusive, sonolento.

Seu clã também demonstra divisões. Até agora, apenas seu filho, Eric, foi apoiá-lo pessoalmente nos tribunais.

“Ele odeia estar no tribunal, onde é mais um réu penal. Não tem o controle e não está no comando”, afirma o cientista político Larry Sabato – algo que o juiz Juan Merchan relembra constantemente.

Durante um recesso na terça-feira, Trump foi visto bufando.

Os revezes do bilionário são música para os ouvidos da equipe de campanha de Joe Biden, que lhe deu o apelido de “Dom Dorminhoco”.

É uma forma de vingança depois que Trump chamou seu rival de “Joe, o Dorminhoco”.

Este julgamento coincidiu com um avanço de Joe Biden nas pesquisas de intenção de voto, nas quais agora aparecem empatados.

– Bonés vermelhos –

Mas Donald Trump e seus apoiadores também aproveitam o interesse da mídia no julgamento para fazer campanha.

Com esta ideia em mente, o republicano viajou para Wisconsin e Michigan.

São seus dois primeiros comícios desde o início do julgamento. O único previsto além destes foi cancelado devido às condições meteorológicas.

É nos comícios que Trump, de 77 anos, faz menção a dançar, atira seus famosos bonés vermelhos para os apoiadores, faz críticas a torto e a direito, debocha da idade de seu adversário – embora seja apenas quatro anos mais novo – e o imita, como se estivesse atônito e angustiado.

É sua forma de lembrar que Biden também enfrenta dificuldades provocadas pela idade.

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