O presidente Donald Trump usou nesta quarta-feira (12) suas prerrogativas executivas para impedir que o Congresso obtenha documentos relacionados com a forma como seu governo agregou uma pergunta sobre cidadania no censo de 2020.

O Departamento de Justiça (DoJ) notificou o presidente do Comitê de Supervisão da Câmara de Representantes sobre a decisão de Trump, pouco antes de o plenário votar na declaração de desacato aos secretários de Justiça, Bill Barr, e Comércio, Wilbur Ross, por não entregar essa documentação.

“Esses documentos estão isentos de ser revelados”, escreveu o DoJ em uma carta dirigida ao presidente do comitê, Elijah Cummings.

Segundo o DoJ, Trump “fez uma afirmação protetora de seu privilégio executivo” para que a administração disponha de mais tempo para revisar a documentação solicitada.

Cummings respondeu adiando a votação para permitir que os membros do comitê possam examinar a carta do DoJ.

“Parece ser outro exemplo da atitude desafiante da administração” em relação ao Congreso, disse Cummings.

“Isso leva a uma pergunta: o que se está escondendo?”, completou.

O censo se tornou um tema importante antes das eleições de 2020.

Os democratas temem que perguntar aos entrevistados se são cidadãos dos Estados Unidos acabe afetando a representação no Congresso de estados com fortes comunidades imigrantes, reduzindo também seu acesso a fundos federais.

Este novo choque entre a administração Trump e os democratas majoritários na Câmara de Representantes acontece após a revelação de documentos de um estrategista republicano, segundo os quais a inclusão dessa pergunta no censo beneficiaria politicamente os republicanos e os brancos não hispânicos.