O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mostrou-se otimista nesta segunda-feira (27) sobre seu plano de paz para o Oriente Médio, ao receber o “amigo” e primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Ele anunciou que o documento, rechaçado categoricamente pelos palestinos, será apresentado amanhã.

Depois de diversos adiamentos, o mandatário, que também se reuniu com o candidato adversário ao atual primeiro-ministro israelense, Benny Gatz, confirmou que o plano americano – considerado histórico por Netanyahu – será revelado na terça-feira, ao meio-dia (horário local).

Os palestinos criticam a proposta de Trump sobre um acordo de paz. Nenhum líder palestino foi convidado à Casa Branca.

O presidente americano disse a jornalistas que “seria uma oportunidade” para promover a paz.

“Acreditamos que finalmente teremos o apoio dos palestinos”, disse. Trata-se de um plano que “deveriam aceitar”, acrescentando que a proposta “é muito boa para eles”.

Trump acrescentou que muitos países árabes apoiam sua iniciativa.

O primeiro-ministro de Israel voltou a afirmar que se trata de um plano “histórico”, e descreveu o atual presidente americano como “o melhor amigo que Israel já teve”.

As reuniões de Trump com Netanyahu e Gantz colocaram Trump em meio ao tenso clima das eleições israelenses marcadas para o próximo 2 de março.

Para Netanyahu, o encontro no Salão Oval e o plano de paz reforçaram a ideia de que conta com o apoio do presidente do Estados Unidos.

A visita de Gantz, por sua vez, não teve forte repercussão midiática. A Casa Branca se limitou a dizer que ambas reuniões foram “produtivas”.

– Proposta “já morta” –

Trump, que chegou ao poder há três anos e confiou o delicado assunto da paz no Oriente Médio a seu genro e assessor Jared Kushner, repete que sonha com alcançar o sucesso onde seus antecessores fracassaram.

Mas nunca explicou, até agora, como imagina que vai conseguir a volta dos palestinos à mesa de negociações. Eles acham que Washington já não tem a credibilidade para agir como mediador depois de uma série de decisões favoráveis a Israel.

Segundo funcionários de alto escalão palestinos, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, rejeitou as ofertas de diálogo do presidente americano, considerando a proposta “já morta”.

E o primeiro-ministro palestino, Mohamed Shtayyeh, pediu nesta segunda-feira para a comunidade internacional boicotar o plano americano, que segundo ele é contrário ao direito internacional.

“Este não é um plano de paz para o Oriente Médio”, disse, apontando que a iniciativa tem como objetivo principal proteger “Trump da destituição” e “Netanyahu da prisão”.

Trump enfrenta um julgamento político no Senado e Netanyahu luta contra um crescente escândalo de corrupção antes das eleições parlamentares de 2 de março, que promete ser agitada.

Os Estados Unidos apresentaram em junho o componente econômico de seu plano, que prevê aproximadamente US$ 50 bilhões em investimentos internacionais nos territórios palestinos e nos países árabes vizinhos por dez anos.

Mas os detalhes concretos deste projeto continuam sendo objeto de especulação.

Segundo os palestinos, o plano dos EUA inclui a anexação por Israel do vale do Jordão, uma vasta área estratégica da Cisjordânia e assentamentos nos territórios palestinos, bem como o reconhecimento oficial de Jerusalém como a única capital de Israel.

– “Nova Fase” –

Nos últimos dias, o entusiasmo de Trump e as expressões esperançosas de Netanyahu e Gantz contrastam com a visão palestina.

No domingo, Saeb Erekat, secretário-geral da Organização de Libertação da Palestina (OLP), disse que se reservava o direito de se retirar dos acordos de Oslo, que enquadram suas relações com Israel.

Sob o acordo provisório de Oslo II de setembro de 1995 entre a OLP e Israel, a Cisjordânia foi dividida em três zonas: A, sob controle civil e de segurança palestino; B, sob controle civil palestina e da segurança israelense; e C, sob controle civil e de segurança israelense.

O acordo provisório estava programado para terminar em 1999, mas desde então foi tacitamente renovado por ambas as partes.

“O governo do Estados Unidos não encontrará um solo palestino que respalde esse projeto”, disse o Ministério de Relações Exteriores palestino em comunicado no domingo.

O projeto dos EUA também foi rejeitado pelo Hamas, o movimento que controla a Faixa de Gaza, um enclave palestino de 2 milhões de habitantes geograficamente separados da Cisjordânia, onde a autoridade de Abbas é limitada.

O plano dos EUA “não será aprovado” e pode até levar os palestinos a uma “nova fase” de sua luta, alertou Ismail Haniyeh, líder do movimento islâmico.

O grupo extremista Estado Islâmico, por sua vez, informou nesta segunda-feira que Israel se tornou o seu alvo principal.