Donald Trump recebe, nesta terça-feira (6), o novo primeiro-ministro canadense, Mark Carney, que chegou ao poder com a promessa de enfrentar o presidente dos Estados Unidos, mas deverá atuar com cautela se deseja obter um acordo comercial.
A relação bilateral do Canadá com os Estados Unidos, seu principal parceiro comercial, enfrenta turbulências devido à guerra comercial iniciada por Trump desde que retornou ao poder em janeiro.
Além dos ataques comerciais, o magnata republicano afirmou diversas vezes que o Canadá está destinado a virar 51º estado americano.
Nas atuais circunstâncias, Carney, líder do Partido Liberal, alertou que não se deve esperar nenhum acordo imediato da reunião na Casa Branca.
Na semana passada, Trump descreveu Carney como “muito agradável”, após uma conversa telefônica, mas na segunda-feira disse que não tinha certeza do que pretendia conversar com ele.
“Ele vem me encontrar. Não tenho certeza de por que ele quer me ver, mas suponho que deseja chegar a um acordo. Todo mundo quer”, disse Trump a imprensa no Salão Oval da Casa Branca.
Trump deve receber Carney às 11h15 (12h15 de Brasília). Em seguida, eles almoçarão e se reunirão no Salão Oval.
Trump impôs tarifas de 25% ao Canadá e ao México, apesar dos países integrarem o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC) ao lado dos Estados Unidos.
Seus vizinhos também são afetados pelas tarifas alfandegárias impostas a vários setores, como os automóveis, embora algumas tenham sido pausadas temporariamente para dar margem às negociações.
Carney prometeu transformar a relação do Canadá com os Estados Unidos.
“Nosso antigo relacionamento, baseado em uma integração cada vez maior, chegou ao fim. A questão agora é como nossas nações vão cooperar no futuro”, declarou Carney na sexta-feira.
O chefe de Governo canadense, 60 anos, também prometeu “lutar para conseguir o melhor acordo” sobre as tarifas.
Mas o secretário de Comércio de Trump, Howard Lutnick, afirmou que é “realmente complexo” alcançar um acordo.
“Eles têm seu regime socialista e basicamente se alimentam dos Estados Unidos”, declarou à Fox Business na segunda-feira.
O presidente americano interferiu nas eleições canadenses desde o início, com uma mensagem nas redes sociais em que afirmava que o Canadá teria “TARIFAS ZERO” caso se tornasse “o valioso estado número 51”.
O Partido Conservador de Pierre Poilievre era considerado favorito há alguns meses para vencer as eleições, mas os ataques de Trump, somados à renúncia do impopular ex-primeiro-ministro Justin Trudeau, mudaram o rumo do pleito.
Carney, que substituiu Trudeau como primeiro-ministro em março, convenceu os eleitores de que sua experiência na gestão de crises econômicas o tornava o candidato ideal para desafiar Trump.
Novato no mundo da política, Carney já foi presidente do Banco do Canadá e do Banco da Inglaterra.
Carney é conhecido por medir suas palavras, mas desta vez terá que lidar com o irascível Trump em território americano.
“Este é um momento muito importante para ele, já que insistiu durante a campanha que poderia enfrentar Trump”, declarou à AFP Genevieve Tellier, cientista política da Universidade de Ottawa.
O primeiro-ministro canadense tentará evitar o destino do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que sofreu uma crítica brutal de Trump e do vice-presidente, JD Vance, em fevereiro.
“Obviamente, todos lembram da discussão com Zelensky”, disse Tellier.
Um ponto a favor de Carney é que ele não é Trudeau, o ex-primeiro-ministro que Trump odiava e menosprezava, e chegou a chamá-lo de “governador” do Canadá.
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