Fontes afirmam que Casa Branca planeja revogar status legal temporário de 240 mil ucranianos que fugiram da guerra e encontraram abrigo nos EUA. Cubanos e venezuelanos também estão na mira de Trump.O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estaria planejando a revogação do status legal temporário de cerca de 240.000 ucranianos que fugiram da guerra em seu país para buscar refúgio em solo americano.
A medida, se confirmada, seria uma reversão assombrosa da acolhida promovida pelo governo do antecessor de Trump, Joe Biden, e deixaria os refugiados ucranianos na mira do programa de deportação rápida.
A notícia foi divulgada nesta quinta-feira (06/03) pela agência de notícias Reuters, citando um alto funcionário do governo americano e três fontes familiarizadas com o assunto, que pediram para não serem identificadas.
Segundo as fontes ouvidas pela Reuters, a reversão planejada das proteções aos ucranianos já estava em andamento antes do bate-boca entre Trump e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, no Salão Oval da Casa Branca na semana passada.
A decisão integraria um esforço mais amplo de Washington para revogar o status legal de mais de 1,8 milhão de migrantes autorizados a entrar nos EUA sob programas temporários de liberdade condicional humanitária lançados durante o governo Biden.
Cubanos também serão atingidos
A porta-voz do Departamento de Segurança Interna (DHS) dos EUA, Tricia McLaughlin, disse que o órgão ainda não tinha nenhum anúncio sobre o tema. A Casa Branca e a embaixada ucraniana em Washington não responderam aos pedidos de resposta feitos pela agência.
Uma ordem executiva de Trump emitida em 20 de janeiro solicitou que o DHS "encerrasse todos os programas categóricos de liberdade condicional". O governo planeja revogar o benefício concedido a cerca de 530.000 cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos ainda neste mês, afirmou o alto funcionário do governo e uma das fontes familiarizadas com o assunto.
O plano de revogar a liberdade condicional para essas nacionalidades foi relatado pela primeira vez pela emissora CBS News.
Os migrantes destituídos de seu status de liberdade condicional podem ser submetidos a processos rápidos de deportação, segundo um e-mail interno do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) ao qual a Reuters teve acesso.
Os migrantes que cruzam a fronteira ilegalmente podem ser colocados no processo de deportação rápida conhecido como remoção acelerada, em um prazo de até dois anos após a entrada. Mas, para os que entraram através de meios legais sem serem oficialmente "admitidos" nos EUA – como aqueles em liberdade condicional – não há limite de tempo.
Os programas de Biden faziam parte de um esforço mais amplo para criar vias legais temporárias para impedir a imigração ilegal e fornecer ajuda humanitária.
Aliados afegãos expulsos por Trump
Além dos 240.000 ucranianos fugindo da invasão russa e dos 530.000 cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos, esses programas incluem mais de 70.000 afegãos que escaparam da tomada pelo grupo radical islâmico Talibã no Afeganistão.
Adicionalmente, um milhão de migrantes agendaram horário para entrar no país através de travessias legais de fronteira por meio do aplicativo CBP One. Milhares de outros tiveram acesso a programas menores, incluindo liberdade condicional de reunificação familiar para algumas pessoas na América Latina e no Caribe.
Durante a campanha eleitoral, Trump prometeu acabar com os programas Biden, dizendo que eles iam além dos limites da lei dos EUA.
No mês passado, o governo americano interrompeu o processamento de pedidos relacionados à imigração para pessoas que entraram nos EUA sob certos programas de liberdade condicional de Biden, deixando os ucranianos em um limbo legal.
rc (Reuters)