O presidente americano, Donald Trump, decretou nesta quinta-feira a imposição de tarifas alfandegárias de 25% às importações de aço e de 10% às de alumínio, uma medida à qual o líder republicano na Câmara de Representantes, Paul Ryan, disse estar em desacordo por medo das “consequências”.
“Hoje defendo a segurança nacional dos Estados Unidos aplicando tarifas sobre o aço e o alumínio. Teremos uma tarifa de 25% sobre o aço estrangeiro e de 10% sobre o alumínio”, disse Trump ao firmar o decreto na Casa Branca.
As tarifas entrarão em vigor no prazo de 15 dias, explicou Trump, acrescentando que neste tempo “veremos quem nos trata de forma justa ou não”.
Um funcionário da Casa Branca declarou que o governo americano está aberto a conversar “país por país” para negociar eventuais isenções.
Trump confirmou que, por enquanto, México e Canadá ficaram isentos desta cobrança.
Na manhã desta quinta-feira, Trump havia prometido que as tarifas seriam “muito justas” e que o plano previa “flexibilidade” com aqueles países que tiverem demonstrado ser “verdadeiros amigos” de Washington.
Nestas declarações, o presidente havia antecipado que México e Canadá seriam eximidos destas tarifas, mas que o benefício somente permaneceria com o progresso das conversas para a renegociação do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).
Mexicanos, canadenses e americanos finalizaram nesta semana sua sétima rodada de diálogo para renegociar o tratado comercial sem que até o momento as partes tenham dado conta de avanços substantivos.
Cercado por metalúrgicos e por membros de seu gabinete, Trump disse que os Estados Unidos querem “receber muito aço, mas de forma justa e que nossos trabalhadores estejam protegidos”.
A indústria do aço e do alumínio nos Estados Unidos foi “devastada por práticas comerciais estrangeiras agressivas”, disse Trump, qualificando a situação de “verdadeira agressão contra nosso país”.
Na visão de Trump, a importação em massa de aço e alumínio fez com que “as fábricas fossem abandonadas para apodrecer e ficarem cobertas de ferrugem”. “Estas comunidades se tornaram cidades fantasmas, mas isto acabou”.
Trump destacou ainda que está em contato com países que “são grandes aliados militares, e observaremos isto de forma cuidadosa”.
Os Estados Unidos subsidiam “países muito ricos com nossa presença militar (…) e alguns destes países são imensamente ricos. Isto tem que acabar”.
Mais cedo, Trump afirmou que as indústrias americanas do aço e do alumínio foram “devastadas por agressivas práticas comerciais estrangeiras”.
“Realmente é um ataque ao nosso país”, continuou. “Eu venho falando disto há muito tempo, muito antes de minha carreira política”.
Com o ato, Trump deixou de lado os alertas de uma guerra comercial global e protestos de aliados na Europa e nos Estados Unidos.
Ao tomar conhecimento da medida, o republicano Paul Ryan criticou a decisão de Trump por medo das “consequências”.
“Estou em desacordo com esta ação e temo suas consequências não intencionais”, expressou Ryan em nota oficial, onde também defendeu que a medida seja modificada para “se concentrar apenas naqueles países e práticas que violam a lei do comércio”.
Na visão de Ryan, existem “inquestionavelmente más práticas de comércio entre nações como a China, e a melhor abordagem seria aplicar a lei contra essas práticas”.
O líder republicano disse que a economia e a segurança nacional americanas “se fortalecem com o livre comércio com nossos aliados e a promoção do império da lei”.
A comissária europeia do Comércio, Cecilia Malström, reagiu ao decreto avaliando “que a UE deveria ser isenta” das tarifas.
“A UE é um aliado próximo dos Estados Unidos e seguimos pensando que a UE deveria ser isentada destas medidas. Vou pedir esclarecimentos sobre este assunto nos próximos dias”.