ROMA, 19 OUT (ANSA) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria pressionado seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, a aceitar os termos propostos pela Rússia para encerrar a guerra, alertando que Vladimir Putin “destruirá seu país” caso não concorde com as exigências.
A informação foi divulgada neste domingo (19) pelo jornal Financial Times (FT), que relatou detalhes de um encontro “volátil” entre os dois líderes na última sexta-feira (17), na Casa Branca. Na ocasião, Zelensky solicitou mais armamentos para reforçar a defesa da Ucrânia.
Segundo o FT, fontes com conhecimento da reunião relataram que o diálogo entre Trump e Zelensky evoluiu para uma “discussão aos gritos”, com o republicano “xingando repetidamente” o líder ucraniano.
De acordo com os relatos, Trump teria empurrado mapas da linha de frente ucraniana para o lado de forma rude, sugerido que Zelensky entregasse toda a região de Donbass a Putin e reiterado os argumentos que o líder do Kremlin havia apresentado a ele em um telefonema no dia anterior.
O jornal avaliou ainda que o encontro refletiu “a natureza caprichosa da posição de Trump em relação à guerra” e sua disposição em apoiar as exigências maximalistas da Rússia.
A reunião ocorreu em um momento em que Trump intensifica a pressão por um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia, após o cessar-fogo entre Israel e o Hamas.
Uma autoridade europeia citada pelo FT afirmou que o presidente dos EUA foi direto: “Se Putin quiser, ele o destruirá”, teria dito a Zelensky.
A proposta de ceder o restante de Donbass ? ainda sob controle do governo ucraniano ? seria vista como uma derrota para a Ucrânia, pois entregaria a Moscou uma região que a Rússia ocupa parcialmente há mais de uma década, mas que não conseguiu conquistar totalmente, mesmo após a invasão em larga escala ordenada por Putin em 2022.
Três outras autoridades europeias informadas sobre as negociações na Casa Branca confirmaram que Trump passou boa parte da reunião repreendendo Zelensky, repetindo os argumentos de Putin e pressionando o líder ucraniano a aceitar a proposta russa.
“Zelensky ficou muito desanimado após o encontro”, afirmou uma das fontes. Segundo ela, os líderes europeus “não estavam otimistas, mas sim pragmáticos ao planejar os próximos passos”.
O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, comentou o episódio em publicação na rede social X: “Nenhum de nós deve pressionar Zelensky em relação a concessões territoriais. Devemos, sim, pressionar a Rússia a cessar sua agressão. O apaziguamento nunca foi o caminho para uma paz justa e duradoura”. (ANSA).