O ex-presidente americano Donald Trump pediu nesta quinta-feira (23) à Suprema Corte dos Estados Unidos que bloqueie a entrega de documentos ao comitê legislativo que investiga a violenta invasão ao Congresso realizada em 6 de janeiro por seus apoiadores, na qual cinco pessoas morreram.

Trump reivindicou à máxima instância judicial que revogue uma decisão deste mês de uma corte federal de apelações, que negou seu pedido de manter em sigilo os registros da Casa Branca.

Em 9 de dezembro, a decisão da corte de apelações abriu caminho para a entrega de centenas de páginas de documentos à comissão parlamentar que investiga a invasão do Capitólio.

No entanto, deu um prazo de 14 dias a Trump para recorrer à Suprema Corte, o que o ex-presidente fez agora, no último dia. O magnata quer manter esses arquivos em sigilo, que incluem listas de pessoas que o visitaram ou conversaram com ele por telefone naquele dia.

A Comissão Especial da Câmara dos Representantes tem como missão avaliar qual foi o papel de Trump e de seus colaborares na invasão realizada por milhares de partidários do ex-presidente ao Capitólio para tentar evitar a certificação da vitória de seu oponente, o democrata Joe Biden, nas eleições presidenciais.

O ex-presidente, que nega qualquer responsabilidade na invasão, afirma que a investigação é “uma manobra política” e se recusa a colaborar. Ele recorreu à Justiça fazendo uso de uma prerrogativa do Poder Executivo que permite manter a confidencialidade de suas comunicações mesmo que seja citado pelo Congresso e, “inclusive, depois do fim de seu mandato”.

– Entrevista coletiva –

Donald Trump anunciou esta semana que fará uma coletiva de imprensa em Mar-a-Lago, na Flórida, no dia 6 de janeiro, por ocasião do aniversário do ataque ao Capitólio, e repetiu, sem fundamento, que as eleições de novembro de 2020 foram roubadas.

O ex-presidente aproveitou para criticar a Comissão Parlamentar de Inquérito, acusando-a de ser “extremamente parcial”, e reiterou que “as eleições presidenciais fraudulentas de 2020” que deveriam estar sendo investigadas.

A comissão parlamentar trava uma corrida contra o relógio porque quer publicar, a qualquer custo, as conclusões das investigações antes das eleições legislativas de meio de mandato, marcadas para novembro de 2022, nas quais os republicanos poderiam recuperar o controle da Câmara e enterrar a investigação.

Donald Trump pediu às pessoas de seu entorno que não colaborem com as investigações e as batalhas jurídicas que estão em curso sobre a necessidade ou não de depor vão atrasar todo o processo.

Mesmo derrotado em sua tentativa de reeleição, o ex-presidente continua sendo muito influente na política dos Estados Unidos, em especial entre o eleitorado republicano, e não descarta uma candidatura às eleições presidenciais de 2024.

Em uma entrevista veiculada na noite de quarta-feira pela emissora ABC, o presidente Joe Biden disse que as possibilidades de concorrer a um segundo mandato aumentam se Trump for candidato.

“Por que eu não iria concorrer contra Donald Trump se ele fosse candidato? Isso aumentaria as possibilidades de eu me candidatar”, disse.