O presidente americano, Donald Trump, pediu para o Congresso um acordo para regularizar milhares de imigrantes em situação irregular que chegaram ao país ainda crianças, mas continuou inflexível sobre o principal atrito com a oposição: a construção de um muro na fronteira com o México.
Em uma animada reunião com legisladores na Casa Branca, Trump sugeriu um enfoque em duas etapas: primeiro uma lei que contemple o tema dos jovens imigrantes ilegais e a segurança na fronteira, e posteriormente uma reforma migratória mais ampla.
“Essa deveria ser uma lei de amor”, disse Trump na reunião com legisladores governistas e opositores, que excepcionalmente pôde ser acompanhada por jornalistas por quase uma hora. “Mas também precisa ser uma lei na qual possamos garantir nossa fronteira”.
Trump se disse, inclusive, disposto a assumir o desafio político de encontrar um caminho para legalizar os cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais que vivem atualmente nos Estados Unidos.
Uma “reforma migratória integral (…) é onde gostaria de chegar, eventualmente”, explicou o presidente, avaliando que isto pode não estar tão distante se houver “a lei correta”.
“Acho que se pode fazer muito rapidamente”, disse, lamentando o grau de “animosidade e ódio” entre democratas e republicanos que contaminou a vida política americana durante vários anos.
O Congresso tem até março para encontrar uma solução definitiva para os beneficiários do decreto de Ação Diferida para os chegados na Infância (Daca, do inglês), que concede status legal temporário a cerca de 690 mil jovens imigrantes, a maioria latino-americanos.
Em setembro, Trump revogou o Daca, criado em 2012 por seu antecessor Barack Obama.
O mandatário pediu “uma solução permanente” para os chamados “dreamers” e destacou que a “segurança fronteiriça” é um dos componentes essenciais de qualquer legislação sobre o assunto.
Trump pediu durante muito tempo ao Congresso fundos para levantar o muro no sul do país, uma promessa marcante de sua campanha.
“Precisamos de um muro”, disse, durante a longa conversa com os legisladores. Apesar de ter esclarecido que não é necessário que se estenda por toda a fronteira porque já existem obstáculos naturais, como rios e montanhas, não deu nenhuma estimativa sobre o tamanho esperado.
Trump voltou a exigir o fim do que chama de “imigração em cadeia”, a reunificação familiar, e da loteria anual do “green card”.
“Gostaria de acrescentar a palavra ‘mérito’ em qualquer lei que seja apresentada. Posso dizer que isso é o que os americanos querem”, disse.
Os líderes republicanos defendem uma lei independente, enquanto há democratas que buscam agregá-la a um pacote sobre o orçamento federal que deve ser aprovado até 19 de janeiro para se evitar a paralisação do governo.
O tema do Daca “não será parte de qualquer acordo geral” do orçamento, disse à imprensa o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, otimista sobre a aprovação antes de março.
Adrian Reyna, da ONG United We Dream, recordou que “mais de 15 mil pessoas, 850 por semana, têm perdido seu status (legal nos EUA) desde a derrogação do Daca, em setembro. Sabemos que a urgência é real porque estas são nossas vidas”.