Que ninguém diga que Donald Trump não é um excelente personagem para livros, muito menos que ele não rende histórias bem ao gosto do público americano. Somente nos últimos dias duas obras desembarcaram nas livrarias e uma está a caminho – todas elas sobre pontos pouco dignos de um presidente dos EUA. Raras vezes se viu o maior mandatário americano ter sua vida tão esmiuçada por escritores interessados em seus detalhes pessoais ou em suas ações políticas.

INTIMIDADE A atriz Stormy Daniels conta que Trump tem pênis com formato incomum (Crédito:Mary Altaffer)

Parece inimaginável, mas hoje todo o mundo sabe, por meio do jornal britânico The Guardian, que a atriz pornô Stormy Daniels relata em seu recém-lançado livro “Full Disclousure” (Revelação Total), que Trump (desculpe, leitor, a baixaria) tem o pênis “de formato incomum, não tão grande nem tão pequeno, e com a glande similar a um cogumelo”. O que Stormy escreve faz jus à tradução de seu nome. Deve, de fato, ser tormentoso para Trump saber que ela detestou ter se relacionado sexualmente com ele. “Foi extremamente desagradável para mim ser penetrada por um homem com tantos pelos como os do abominável homem das neves e com um pênis que lembra o cogumelo do videogame Mario Kart”, conta a autora, que recebeu US$ 130 mil durante a campanha para fechar a boca sobre o caso.

INCERTEZA Livro revela dificuldade de Trump para compreender a dinâmica do mundo globalizado

Bem diferentes, e talvez mais úteis para a posteridade, são os livros do escritor anglo-indiano Salman Rushdie e do jornalista responsável por investigar o escândalo de Watergate, Bob Woodward. “A Casa Dourada”, de Rushdie, e “Medo: Trump na Casa Branca”, de Woodward, pegam o presidente pelo lado político e (nada) diplomático. Alguma dúvida de que Trump é cabeça-dura? Se alguém ainda a tem, Woodward a desfaz completamente. Entre as inúmeras pérolas do livro, sobressai a que revela a dificuldade de Trump compreender que, no mundo globalizado, é imprescindível fazer parcerias militares, comerciais e econômicas. O livro de Rushdie (escritor que há três décadas foi perseguido pelo regime do aiatolá Khomeini pela obra “Os Versos Satânicos”) toca no ponto crucial da campanha e da gestão de Trump: a questão imigratória. Entre os três livros, esse traz o tema mais óbvio, até porque o posicionamento do presidente americano sobre os imigrantes é notícia todos os dias em todos os jornais do mundo. A literatura sobre Trump, em termos quantitativos, ainda está bem longe de se aproximar do que existe a respeito, por exemplo, de John Kennedy e Richard Nixon. Mas já dá para escolher sob que ângulo queremos conhecê-lo (com a licença de Stormy) mais intimamente.