A Casa Branca iniciou um processo de demissão em massa de funcionários federais, enquanto pressiona os democratas no Congresso para encerrar a paralisação do governo, em vigor desde 1º de outubro. O governo do presidente Donald Trump tem falhado em conseguir um acordo para aprovar uma medida de financiamento que garanta o funcionamento da máquina pública, o que levou ao chamado shutdown.
O anúncio dos cortes veio na sexta-feira, 10, em linha com as ameaças de Trump de eliminar agências e reduzir a força de trabalho no serviço público federal. A Casa Branca determinou que mais de 4 mil funcionários sejam demitidos em um primeiro momento, o que pode mudar, caso a crise evolua.
O governo indicou ainda que colocará 750 mil servidores públicos em licença forçada, devido ao impasse orçamentário. Não há definição clara de quais órgãos e cargos serão prejudicados, mas há demissões em curso ou rumores de cortes nas áreas de saúde, assistência social, educação, comércio, energia, segurança interna, e até no próprio Tesouro.
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Impacto do shutdown
Agências de notícias, como a Reuters e a Associated Press, confirmaram com um porta-voz do Departamento de Educação que o órgão estará entre os afetados pelas demissões.
Quando Trump voltou à Casa Branca em janeiro, o departamento tinha cerca de 4,1 mil funcionários. Mas ele tem sido um dos mais afetados pelas políticas de demissão do presidente, com sua equipe reduzida quase pela metade para 2,5 mil funcionários no início da paralisação.
Os cortes também atingiram dezenas de funcionários dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), referência em pesquisa sobre biossegurança, muito atuante, por exemplo, durante a pandemia de covid-19.
Segundo o New York Times, a Casa Branca enviou por e-mail as cartas de demissão, informando os pesquisadores que suas funções agora eram consideradas desnecessárias ou “praticamente idênticas” às desempenhadas em outras áreas da agência.
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Por que há um impasse?
A paralisação do governo federal ocorreu após ter expirado o prazo para aprovar o orçamento, em 30 de setembro. Os democratas do Senado bloquearam repetidamente uma resolução dos republicanos para aprovar os fundos que permitiriam às agências do governo continuar operando plenamente.
Por sua vez, os democratas também não conseguiram o apoio necessário para sua proposta orçamentária, que destina mais verbas para a saúde e que, assim como o projeto de lei republicano apresentado por Trump, foi rejeitada no Senado.
A Casa Branca foi rápida em anunciar sua intenção de realizar demissões agressivas, e solicitou que todas as agências federais apresentassem seus planos de redução de pessoal ao escritório de orçamento.
Isso excede em muito as medidas historicamente tomadas durante paralisações governamentais anteriores, quando os funcionários federais foram dispensados, mas posteriormente reintegrados assim que as paralisações terminaram.
Mesmo os servidores públicos cujos empregos não estão em risco continuam sem receber salários em meio ao impasse, que até agora não mostra sinais de melhora.
Publicamente, o presidente vem tratando o fechamento do governo como uma vantagem política, uma oportunidade para reorganizar o orçamento federal e se vingar de seus adversários. Mas o presidente americano corre o risco de agravar ainda mais o impasse fiscal, que não tem previsão de terminar.
“Vamos cortar alguns programas muito populares entre os democratas, que não são populares entre os republicanos” disse Trump durante reunião de gabinete na última terça-feira, acrescentando que daria aos democratas “um pouco do seu próprio remédio”, segundo relato do The New York Times.