Donald Trump incentivou os membros de seu futuro gabinete, nesta sexta-feira (13), a expressarem “pontos de vista próprios” durante as audiências de confirmação no Senado, depois que vários fizeram declarações desencontradas e distantes das posições do presidente eleito em temas-chave.

“Todos os membros de meu gabinete dão uma excelente impressão e fazem um bom trabalho. Quero que sejam eles mesmos e que expressem seus pontos de vista próprios, não os meus!”, afirmou o magnata, em um tuíte bastante incomum.

Os membros dos gabinetes presidenciais americanos têm muita liberdade, mas há funcionários, como os da Defesa ou da Diplomacia, que têm o papel de expressar publicamente e colocar em prática as ideias do presidente.

Rex Tillerson e James Mattis, designados para liderar o Departamento de Estado e o Pentágono, respectivamente, mostraram divergências importantes em relação a posições de Trump – em particular sobre a Rússia – durante as sabatinas realizadas no Senado para confirmar suas indicações.

Ambos defenderam, por exemplo, a adoção de uma posição muito mais rígida em relação à Rússia do que aquela proposta por Trump, que deseja uma melhora nas relações com Moscou.

Na sabatina, Mattis chegou a afirmar que está convencido de que a Rússia se propõe a acabar com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Na campanha, Trump criticou essa aliança fundamental para Washington.

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Empresário do setor petroleiro com extensas relações com a Rússia, Tillerson também se distanciou da ideia de Trump de abandonar os acordos sobre mudança climática firmados em Paris.

Para Tillerson, “é importante manter o lugar na mesa”.

Relações em carne viva

Nesta sexta, Trump usou o Twitter para retomar a polêmica com a comunidade de Inteligência dos EUA.

As tensões entre o presidente eleito e as agências de Inteligência aumentaram desde que esses órgãos elaboraram um informe, afirmando que a Rússia interferiu na eleição presidencial de novembro para beneficiar Trump.

Em uma enxurrada de tuítes hoje, Trump se referiu aos “asquerosos operadores políticos” por trás desses informes e reafirmou a promessa de uma nova investigação sobre o que aconteceu na eleição.

“Agora acontece que as informações falsas contra mim foram montadas por meus oponentes políticos e por um fracassado ex-espião. Fatos inventados por asquerosos operadores políticos, tanto Democratas quanto Republicanos. NOTÍCIAS FALSAS!”, criticou.

Em outra mensagem, voltou a reiterar que esses informes “foram possivelmente divulgados pela ‘Inteligência’ mesmo sabendo que não há provas, nem nunca haverá”.

Referindo-se a seu futuro gabinete, Trump garantiu que “meu pessoal fará um informe completo sobre a pirataria (nas eleições) em 90 dias”.

Trump descartou que tenha conseguido derrotar a democrata Hillary Clinton graças à ciberpirataria e à divulgação de e-mails comprometedores.

A ex-secretária de Estado perdeu a eleição – segundo Trump -, “porque fez campanha nos estados errados”.



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